quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Um blues pra tempos estranhos

Queria poder puxar
um fio desse bolo
e conseguir transformar numa meada
Botar linearidade no disforme

Acho que o que existe primeiro é a culpa
parece mesmo que ela veio de Adão
pq eu não existia antes dela

eu também nasci do pecado

Pq o homem que pecou, morreu
e o novo homem que nasceu
ainda corre feito criança

mas vamos por partes

primeiro é preciso morrer

demolir

o sentimento mesquinho, egoísta e hipócrita
o amor burguês da pessoa-coisa

primeiro devemos aprender a desamar
pra depois amar mais e mais verdadeiramente
tirar a pessoa da caixinha que levamos sob o braço
pra colocá-la onde ela merece estar

que é junto das estrelas.

Existe o amor
que é bonito e verdadeiro
Existe o fim, desse amor cafona
E existe um outro amor
que é maior

Já estou nesse terceiro degrau
que é mais alto
mais lindo
e mais puro
e daqui posso ver o mar
e as estrelas todas

eu tenho orgulho do homem que morreu
tombou como um tolo
e eu germinei do seu cadáver
como uma flor que nasce do lixão

Agora confesso
esse lugar é solitário
pois alguns procuram o amorzinho
outros lhes viram as faces
poucos amam e amam e amam
e não debocham do amor
mas querem amar mais e mais e mais
e tem brilho nos olhos
e beijam e dançam e cuidam e guardam
sem tomar para si como se fôssemos coisas

Esses anjos iluminados que chegaram aqui
são poucos
mas os vejo na distância
são melancólicos e serenos
sempre com brilho nos olhos
sempre solitários e nunca sozinhos 
eles tem um certo fogo que lhes revolve o peito
eles me notam também
e até me beijam de vez enquanto

eu não sei porque ainda tenho
ciúmes
acho que vive dentro de mim o padrão do amorzinho
mas também convive com ele o desamor
e envolta desses modelos todos
existe o amor maior
que amadureceu
como um homem que guarda em si as memórias de sua infância

O que eu quero
busco e até ouse dizer que mereço

é alguém que também esteja aqui
que fale comigo só quando tiver vontade
e que tenha vontade quase todo dia
que me beije só quando tiver vontade
e que tenha vontade todo dia
que possa beijar e estar com quem quiser
mas que não veja necessidade disso
pois tem a mim
e eu que use toda a minha liberdade
inerente, inata e natural
para estar ao seu lado todos os dias da minha vida
pra que a gente possa parar de esfregar os corpos suados
em estranhos
e que possamos delicadamente caminhar
sensivelmente
se olhar
e sorrir com aquele brilho imenso e maravilhoso
de quem se reconhece, de amigos que se cuidam e se amam
e encontram leito nas camas mais distantes
nas viagens na lonjura
pois fizeram um do outro o próprio lar
e assim se apoiando podem mirar
mais longe
mais alto
mais fundo
por mais tempo
e quem sabe talvez até
envelhecer e procriar
como quem superou o amor pequeno
mas também
a obrigatoriedade
da solidão



domingo, 12 de novembro de 2017

Dragão

essas retinas sem brilho
ainda guardam
o brilho afiado do teu sorriso
esse frio profundo
ainda aguarda
a magia do fogo que carrega em seus quadris
deitada sobre mim
como dragão sobre o tesouro
não é serpe
nem anjo
mas algo dos dois
algoz terrível
que reinou sobre mim
e agora voa ao longe
em meus pesadelos mais doces

Sublimação

"Saudade eu te matei de fome 
Verdade eu te cerquei de longe" 
(Irene, Amarante) 


As moscas não suportam a fumaça
mas ela é minha cura pra tudo
até pra dor
de existir

e no vapor sou eu quem vai subindo devagarinho
num fio de prata
que me leva
atravessando o mar
até o outro lado do Oceano
visitando em sonho antigo
de tudo que é bonito
e imaginado

quando eu for
quero levar comigo
tudo que fui
e todos lugares por onde estive

sábado, 4 de novembro de 2017

Eu sou a rua

Ando de chinelos na chuva
ouço o murmúrio dos mendicantes
me penduro no ônibus
sou seguido à noite e aperto o passo
meu sofrimento é mais real
porque ele está de cara com o mundo
o mundo de verdade
das putas dos maconheiros

perdido em mim mesmo
nessa imensidão e vazio
eu não sei o que quero
nem o que posso querer
procurando em mim mesmo
um fio de luz
que eu possa amar

e como? como me realizar?
existe potencial
existe mérito
existe algo de bom 
nesse corpo que envelhece acelerado
e fica pasmo
diante da vida e da morte?

quantas coxas abrigaram meu calor
quantas alma penadas eu penalizei
como suportar a dor
que eu mesmo causei
e como não castigar
esse demônio que eu sou?

o que me resta?
para onde eu vou?
a espera de um anjo salvador

de joelhos machucados
curvado
chorando
de olhos cerrados
em pesadas pálpebras
como te verei
como ouvirei teus sussurros
no barulho pesado do pranto na chuva?

onde é meu lar?
onde é meu lar?
onde será que terei pouso manso?
onde será que vou chegar?

domingo, 1 de outubro de 2017

"O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.", Grande Sertão: Veredas

Deuses Mortos

Eu sinto o sussurro dos deuses mortos
suas runas nos ventos
e nas árvores
nas imensidões longínquas
das alvas brumas enevoadas
e do esquecimento

No cristal de gelo que dança no ar
Nos olhos famintos do lobo trêmulo
cujo pelo negro eriçado
contrasta com a brancura de morte
do inverno no Norte

Ouço os berros dos homens sem esperança
que queimam como porcos
Onde o farfalhar indiferente das árvores
é a risada muda
dos deuses sedentos
pelo vapor com cheiro de sangue
sangue viscoso e morno
que escorre pelo tempo
para calar fantasmas

O próprio caolho
que bebeu da fonte e agarrou a chave
verá depois de tanto adiar
que esse dia tem mesmo que chegar

E quando a noite cair
quando o fogo vier
será o tempo da serpente e do lobo
será o tempo do fogo

E nas cinzas e nos escombros do mundo
despertará nosso rebento desnudo
para vislumbrar nossa realidade em semente

http://absolutnaproznia.bandcamp.com/album/surtr-the-j-tunn-scathe-of-branches

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Oh Roma do Oriente

Difícil é não chorar
pela tua lágrima esquecida
teu pranto embotado por quinhentos anos

Dos milhões que te amaram
Quantos ainda sentem sua falta?

Lugar jamais visitado
Portão Dourado das lendas antigas
Sagrada Sabedoria
herdeira da biblioteca de Alexandria

Como caíram
diante da Bocarra do Inferno
tuas muralhas impenetráveis
teus milenares bastiões invictos?

Como eu queria
Como eu queria
vê-la com meus olhos
somente uma vez

oh saudade imensa
oh lamento solene
Da cidade dos meus sonhos

Oh querida Constantinopla.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Chegada a hora

Ontem alguém disse que eu era um homem bom
e eu chorei
Hoje acordei
Com o Diabo sussurrando em meu ouvido
dizendo que eu também merecia
ser feliz
Hoje meu sangue tava injetado no veneno
meu coração era um v8
querendo correr atrás
de todo tempo que perdi

Não quero mais
ser um mártir de mim mesmo
dizendo: "na idade Cristo também pregado em sua cruz"
chega!

Não estou romantizando nada, sou o anti romântico
Não sou Cristo nem sou o Diabo
Sou um bicho
bicho-homem
capaz de coisas escrotas
mas de coisas maravilhosas também

virei a esquina e já não era mais eu

hoje eu acordei com sede dos teus lábios de baixo
do charuto e do conhaque
e resolvi que mereço e posso

sabe
foi difícil
não cortar os pulsos e não mergulhar lá do alto
mas eu nunca pensei realmente nisso
só fiquei paralisado na minha própria miséria

Agora chega!

Vou mirar no que é certo
vou mirar no que eu quero
chegou a hora de me mudar
pra um lugar de felicidade

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.
Victor Hugo
Perdido
Vazio
Vagando
Solitário
Aguardando sempre
Vento que me leve

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Pisando em plumas, toda manhã


quarta-feira, 26 de julho de 2017

Dança dos Dragões


"The curse of much knowledge is often indecision. [...] What is better: to be born good, Or to overcome your evil nature through great effort?" 
(Paarthurnar)



"You don't know my kind
Dark necessities are part of my design, and
Tell the world that I'm
Falling from the sky" 
(Dark Necesities - Red Hot Chili Peppers) 



segunda-feira, 24 de julho de 2017

Às vezes as palavras me fogem
Penso que em algum canto, ou em alguma de suas infinitas combinações,
se esconde
a senha ou a chave
que abre essa porta

foi-se dito que palavras são vento
e que só as atitudes falam a verdade
sinceridade
não sei nem como agir

minhas mentiras visavam preservar
mas com elas me mutilei
escondi minhas cicatrizes e vergonhas
fingi até eu mesmo acreditar

se eu fiz um mal
não fiz por mal
desculpa

carrego a culpa
e tento me regenerar
e tento não desistir
mesmo sem procurar
tento sorrir e me alegrar
achando nisso o consolo
de que a vida continua

mas me preocupo
com serena pose de tutor
como um demônio que livrou o mundo de si mesmo
como um feitiço que nunca encantou nem existiu
como um amante que ainda ama, mas desistiu

o que querer então
e como querer?
esperar o tempo parece solução
já não existe razão
o que queima aqui
é só a paixão!

um fogo longínquo que me ilumina a noite
e prende meus olhos
e aquece meus suspiros
procuro o pingente e duas vezes sussurro seu nome
quanto pesar
quanto pesar

quarta-feira, 19 de julho de 2017

No dia em que acordei meloso kkk


domingo, 9 de julho de 2017

Retrato

Com pesado cinzel martelei o meu peito O arado cortou meu estômago O brilho cegou meus olhos No fogo alto eu reforjei o metal do amor Me coloquei numa moldura de você e pendurei na parede do nosso quarto lapidei um cristal plantei em volta um jardim viro sonho nessa torre de marfim um sol duro brilha acima de mim sigo dizendo sim dizendo sim cabeça levantada peito aberto sorriso no rosto rejuvenesci dez anos ou mais gravei você em mim sigo dizendo sim dizendo sim Não sei qual meu segredo acho que é porque não tenho mais medo Virei a esquina me arrependi sim mas aqui é bonito sim eu vou viver sim vou ser feliz sim vou merecer sim Minha essência é a tranquilidade
e a felicidade A mulher foi você filha, fêmea, namorada, mãe De longe, a maneira de agradecer, é justamente seguir o plano e merecer Agora eu não sei quem vem mas sei que no futuro há alguém
Amor cresce, dá flor e fruto floresce floresta em mim Na parede o retrato diz sim


terça-feira, 20 de junho de 2017

Os dias vão se arrumando
sozinhos
E aqueles sonhos grandes vão ficando
pequenininhos
Hoje eu consigo levantar o rosto e deixar
o meu coração falar

Pro meu espanto
não causo pranto
Vou pra outro canto
onde posso ser eu e me deixar amar
amar amar
até transbordar
sem nunca conter ou segurar
tanta gente linda
que é sempre bem vinda
pra juntos
todos
no meu coração morar

sei que errei
sei que perdi
mas sei que também me ofereci
sacrifiquei, batalhei e cuidei cuidei

Mas aquilo não foi tudo pro ralo
herdei umas histórias loucas e lindas
que só eu vivi
e o tanto que vivi e o tanto que eu vi

Agora vou andando
sempre mudando
sempre amando mais e mais e mais e mais
E as coisas vão se acertando
sozinhas
E os sonhos grandes vão ficando
maiores
Hoje consigo levantar o rosto e deixar
o meu coração falar
tudo que vier
tudo que quiser
e pro meu espanto
minha verdade causa riso e beijo
e encanto
eu me olho no espelho e me vejo
bonito
e eu me olho refletido na cidade e me vejo
tranquilo
eu não sou só isso
não sou mais aquilo

sei o que foi
sei o que é
e sei que o que será...
                               ...será

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Why Be Happy When You Could Be Interesting?

“Happiness was never important. The problem is that we don't know what we really want. What makes us happy is not to get what we want. But to dream about it. Happiness is for opportunists. So I think that the only life of deep satisfaction is a life of eternal struggle, especially struggle with oneself. If you want to remain happy, just remain stupid. Authentic masters are never happy; happiness is a category of slaves.”


terça-feira, 30 de maio de 2017

Tem uma coisa agarrada no meio do meu peito
que não sai
Tem uma coisa grampeada nos meus olhos
que só querem se fechar
Uma lágrima presa que revolve viscosa
e não quer pingar
Tem uma trave atravessada no meu estômago
que me arrasta como uma âncora
meus pés de chumbo, mais uma vez não tocam o chão
só tenho vontade de dizer não
só tenho vontade de dizer não
e aquela dor nova no coração
que não sei porquê
insiste em bater

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Redenção

Qualquer pecado
é pequeno
perto do inferno

buscando as virtudes todas
me pergunto
quantos acertos refazem um erro
e quantos mais
podem redimir
um homem como eu

há salvação
há vida
haverá transformação?

Encurralado num beco sujo
sendo perseguido pela solidão
Frequentando lugares ocos
sempre como segunda opção

qualquer pecado é pequeno
perto do inferno
o fogo que queima não purifica
mas enegrece e dói

quem merece o inferno?

quinta-feira, 18 de maio de 2017

White Buffalo


quinta-feira, 4 de maio de 2017

potinho

Não vou beber desse veneno
do amor raso e pequeno
só possuo meu sentimento
e isso não é pouco
nosso futuro louco
não morreu
esse sonho agora é só meu

no futuro
eu já
acariciei teus cabelos enquanto dormia
usando uma blusa minha
te fiz um café da manhã
e seu sorriso iluminou o dia
a gente brincava e ria
andava de bike naquele bairro
que escolhemos pra criar nosso filho

Não vou beber desse veneno
de te guardar ou aguardar
só possuo meu sentimento
que tá aqui num potinho lindo
do qual beberico de vez enquanto

quarta-feira, 3 de maio de 2017

"We worship perfection because we can’t have it; if we had it, we would reject it. Perfection is inhuman, because humanity is imperfect.
— Fernando Pessoa, The Book of Disquiet (via hplyrikz)

terça-feira, 2 de maio de 2017

Tabaco

Fecho os olhos e inclino a cabeça
deslizo rápido
mergulhando no fundo
enchendo e sufocando
pra num bafo morno
ganhar a noite
espírito de outro mundo
subindo e subindo
se desfazendo

só faço isso porque quero me desfazer

e a brasa que queima em meus dedos
sou eu
laranja e vermelho
queimando na palha

e as cinzas no meu colo
e a queimadura em meu dedo
e aquele mal cheiro
são meus demônios
que odeio
como todas as coisas que amo

como odeio e amo
a carne de que sou feito
que flácida
vai se desfazendo
eu me desprendendo de mim
vou me liberando

e morrendo vou ganhando a vida
ou a liberdade



sexta-feira, 28 de abril de 2017

Está Decretado

Eu também
vou baixar um decreto
não se toca mais no nome
daquela que mora no cristalino dos meus olhos
afastem-se os objetos todos
que me façam lembrar
daquela que é o ar que respiro
que não haja nenhuma imagem
daquela que se esconde nas curvas do meu cérebro

Está decretado
que só viva no silêncio
na sombra
no suspiro
Aquela a quem eu pertenço

E assim, de não me pertencer a mim mesmo
Vou me esquecendo do passado
sempre tão lembrado
E assim, mediante esse decreto
que me ensinou Leminski
o amor
está encerrado.


terça-feira, 25 de abril de 2017

You're the beauty behind my pain


Amor e egoísmo

Mas é o amor sexual que se revela mais claramente como ânsia de propriedade: o amante quer a posse incondicional e única da pessoa desejada, quer poder incondicional tanto sobre sua alma como sobre seu corpo, quer ser amado unicamente, habitando e dominando a outra alma como algo supremo e absolutamente desejável. Se considerarmos que isso não é outra coisa senão excluir todo o mundo de um precioso bem, de uma felicidade e fruição; se considerarmos que o amante visa o empobrecimento e privação de todos os demais competidores e quer tornar-se o dragão de seu tesouro, sendo o mais implacável e egoísta dos “conquistadores” e exploradores; se considerarmos, por fim, que para o amante todo o resto do mundo parece indiferente, pálido, sem valor, e que ele se acha disposto a fazer qualquer sacrifício, a transtornar qualquer ordem, a relegar qualquer interesse: então nos admiraremos de que esta selvagem cobiça e injustiça do amor sexual tenha sido glorificada e divinizada a tal ponto, em todas as épocas, que desse amor foi extraída a noção de amor como o oposto do egoísmo, quando é talvez a mais direta expressão do egoísmo.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

todo dia escreve um poema novo
como se tivesse um povo
lhe aplaudindo
meu filho para! que ta feio
aqui não tem nem amor
assistindo

e se visse talvez se risse
acusando-o de manipulação
mas me diz de verdade
se não é isso que chamamos
de poema ou canção

Desfragmentar

Não quero esquecer você
Eu quero é te restaurar
Num todo que não possa perder
que eu possa sempre encontrar

Quero purificar você
Eu vou te santificar
Diante desse mesmo altar
Que eu fiz pra te receber

Escuta
Ainda dói
Teu cheiro é o que destrói
Meu cais

Desculpa
Mas já passou
Tem tanto que restou
Não vai

Não quero mais te ver sofrer
Fazer você se importar
por tudo que me fez sentir
por tanto que me fez te amar

Escuta
Ainda dói
Teu cheiro é o que destrói
Meu cais

Desculpa 
Mas já passou
Tem tanto que restou
Não vai... não vai  

Agora vem o estranhamento

muito bem treinados
no desapego

nada importa
finalmente
podemos nos dedicar
ao que não importa
finalmente
descartar as dificuldades
nos eximir do fardo do amor
enterrar toda dor
seguir o caminho fácil
da frivolidade
poderemos
finalmente
não amar de novo
jamais amar de verdade
tentando não nos entregar
e falhando de novo
tentando não nos iludir
falhando de novo
fingindo
até acreditar
finalmente

Nos esbarrando na rua
o olhar incomodado
foi aquele ali
o meu namorado?
foi aquele corpo que abitei
pra ele me despi
pra ele me entreguei?
foi ele quem amei?
mal o reconheço
nem me lembro
aquele esboço imperfeito
caído atrás da estante
me encontro refeito
não hesito por um instante

passo reto
já não tenho afeto

finalmente
podemos nos dedicar
ao que não importa

mergulhar em alguém é difícil
provar daquele lodaçal
sabendo que até o melhor
pode também ser mau
e que na turbulência das noites tempestuosas
o outro parece fragmentado
não sabe mais dizer
o que é certo ou errado
o egoísmo é a única lei
que de agora em diante
eu seguirei
buscando minha própria satisfação
não acredito em amor mais não

o amor machuca
o amor nos quebra
o amor não existe
mas outros amores insistem
em bater na porta do peito
por ele perdi o respeito
outros amores existem

A balança do amor tá quebrada
de repente não tem peso
o que fizemos de bom
não vale mais nada
e cada pequeno erro dá o tom

passo reto
já não tenho afeto

finalmente
podemos nos dedicar
ao que não importa

e ele é só,
mais um estranho com quem tive uma história
que agora não importa



segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sobre os vapores


Hoje eu vi um fantasma
estava de pé
ao lado da saída do meu trabalho
com um sorriso tímido
lobinha acuada
usando um óculos redondo
inconfundível
Enquanto ela evaporou
percebi
que o fantasma era eu

vi de longe o casal
na beira do lago
senti a brisa refrescante
enquanto eles trocavam afagos
segui-os de carro
pelas ruas da cidade
chorei quando se despediram na praia

morei naquele quadradinho
da janelinha onde se viam
sorri enquanto riam
suspirei enquanto se declaravam
repousei em seus ombros quando chorava sozinha a noite 

e eu também fui
até a estação de trem
chorei chorei
no cinema o filme não foi a atração principal
vi meu rosto refletido no ouro que não perde o brilho
senti o cheiro das flores no reencontro
morei em cada florzinha daquelas
em cada respiração dos cachorros
cada folhinha no chão do quintal

não sei quantos anos se passaram
estive dormente
o amor ancestral
que reconheci em você
ou sonhei
não era pra ser também
imortal?
te amei
na eternidade




domingo, 16 de abril de 2017

Páscoa

Nessa Páscoa
quem morreu fui eu
trôpego rastejei
por todos os degraus do calvário
sofri
cada chibatada que arrancou minha pele
cada prego que atravessou minha carne

fui coroado com espinhos
fui trespassado por pesada lança

mas
eu
também
renasci
em minha agonia
senti um abraço do mundo
e vi que eu era mais bonito
a solidão da morte
foi meu destino consumado
agora aquele homem errado
e errante
não sou eu
porque eu também
renasci no Amor
e eu sei que o próximo destino
é uma cidade bonita
onde alguém especial
vai me segurar
Eu to me jogando
me segura
Eu to chorando
a vida é dura
mesmo se a gente errar
não podemos descartar
o amor tolera
o amor perdoa
o amor cuida
o amor guarda
e aguarda
o amor sempre vence
porque é isso que o amor é
perene e incondicional

hoje eu sou o lobo
jogando o jogo da morte
porque eu não quero mais jogar
os jogos da futilidade
Eu to
quebrado
Eu não sei mais jogar
O jogo do amor
Eu não quero mais jogar
O jogo do amor
Eu to
partido
e na profundidade
m
e
r
g
u
l
h
a
d
o

Minha pérola é a esperança
Eu atingi
a iluminação
estou triste
Mas sou feliz
(escrito num banheiro sujo)

Ela deitou

Ela deitou
na cama em que eu já deitei
e ficou triste por mim
Os animais choram
Os homens riem

Ninguém entende
Mas fomos os melhores

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Anjos Depenados

vapor e neon
deve ser algo bom
céu ou inferno?
cordeiro entre lobos
essa bebida cara
tem gosto de mijo
veja quantos anjos
quantos anjos depenados
agitados e com o peito oco
o que fez aquele furo?
era o vazio da descoberta
ou um amor se foi e deixou a porta aberta
todas os sambas falam de amor e dor
infelizes buscamos
distrações
inseguros buscamos
o fugaz desejo dos brutos
meninos bobos
meninas inocentes
jogando inconsequentes
o teatro da paixão
mas amanhã tem outro rock
não faz mal não
e o mar tá cheio de peixe
ninguém é especial não
é vida que segue
sem nada que me prenda
mesmo que me arrependa
e vida que segue
sem nada que me fixa
segue quebrada
segue vazia
mas segue pra quê?
Arrancaram meu coração de meu peito
ele secou e morreu
Mas o culpado disso tudo
não tenho dúvida
fui eu

E quer saber?
Foi até bom
porque eu não podia continuar
solto, a ignorar
os outros corações

Agora sigo pela estrada
e ainda não sinto nada
o vazio que o amor deixou
a graça que a noite perdeu
não tenho dúvida
o culpado fui eu

Aquele corpo suado
dançando e sorrindo
não me encanta
o gosto do neon e do gelo seco
não mais me atrai
cansei de construir minha casa na areia
não dá mais

Acho que virei concha
ou semente
vivo olhando pra dentro
sendo mulher
matando meu pai
e vendo como são horríveis
as coisas que a gente faz
eu era aquela mulher
sendo abusada,
invadida, violada
eu era aquela mulher sendo usada
com o coração exasperado
de um sentimento doce
e bonito
que os homens simplesmente não entendem
e essa generosidade
seria meu fim
minha ruína
eu tive meu corpo usado
por homens ásperos
egoístas
bestas imundas
e eu chorei
quando me vi na menina
e eu morri por dentro

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Frases de um Pessoa

-Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária.
-Torturamos os nossos irmãos homens com o ódio, o rancor, a maldade e depois dizemos «o mundo é mau».
-Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
-Nada me prende a nada. Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
-Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
-A sede de ser completo deixou-me neste estado de mágoa inútil.
-A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo....
-Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
-Sentir, extraordinária e desmedidamente.
-Chove muito, chove excessivamente... Chove e de vez em quando faz um vento frio... Estou triste, muito triste, corno se o dia fosse eu.
-A ave passa e esquece, e assim deve ser.


No dia em que soltei minha lágrima 
E me vi metamorfosear de frente pro espelho 
O amor, sempre vai transbordar 
Lindo e cruel 
O que quero é amar amar 
Até transbordar 
Serei sempre meu melhor amigo 
E quando não achar mais abrigo 

Vou me mudar 
fazer de novo 
da estrada o meu lar 

terça-feira, 11 de abril de 2017

Quase

Uma por uma
ela se despiu de suas certezas

primeiro
passou os dedos finos e brancos pelos botões
que guardavam seus preconceitos

com uma perna diante da outra
caminhou em direção à água
tirou os cabelos da nuca delgada
e puxou o orgulho devagar
deixando-o cair de lado

depois foi a vez do sutiã do ego
estava de peito aberto
vulnerável

em seu suspiro

um turbilhão

de dor e desejo
até que num beijo
sossegou

uma lágrima de mel correu de seus olhos
e disse
não dá
meu erro foi te amar demais
e essa linha você não podia cruzar jamais
ainda te amo
se de meu eu não te chamo
é melhor eu ir

e se foi

De tanto não parar a gente chegou lá ❤


segunda-feira, 10 de abril de 2017


Estou tentando
botar a casa em ordem
e seus pés enlameados
estão atrapalhando

melhor esperar lá fora
ou nem espere
Sabe como é
o dia da faxina

até aqui a água chegou?
a onda salgada inundando cada buraquinho
se vou me afogar e não é de amor
acho que preferia morrer sozinho

Tenho um demônio trancado no peito
o apelido dele é Homem
E eu ainda não sei o que fazer com ele
Mas é pra ele
que quero olhar

Não pense meu amor
mais doce e mais lindo
sempre imaculado 
que eu não sei que estou terrivelmente errado 
e que não quero reinventar
o que é ser homem e o que é amar

Mas é mais que difícil argumentar
quando o outro não pode
admitir e perdoar
quando o outro não pode
simplesmente
mais
acreditar

eu sei que gostou de mim
mas se não estiver comigo até o fim
eu não vou chamar
aquilo de Amor

e uma hora terei
que continuar procurando
essa é minha sina
Ela não me ama
ela nunca me amou
acho que no fundo o destino
nos atropelou
e levou cada um para o lugar onde devia estar
agora vou procurar
me encaixar
"Quando o amor vos chamar, segui-o, embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados; e quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe, embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos; e quando ele vos falar, acreditai nele, embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa queda. E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol, assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra."

(Khalil Gib
ran)

http://www.fotolog.com/hygino_/11583209/

Carolzinha

Quem é que vai viver de amor?
Eu
Não se morre por amor.
Eu morro sim
Todo dia

É porque te amar é bom
Mais vale relembrar do que viver
Porque pra mim a alegria é você

Nós somos dois pombinhos
mesmo que hoje estejamos sozinhos
Nós somos um casal cult
Mesmo que não sejamos mais um casal

Então você pode ir
Amar também é liberar
Mas eu vou é ficar por aqui
Em segredo vou continuar a te namorar

Rodrigo Amarante estava errado
sentimental sou eu
Que escolhi me casar com meu coração
e viver mesmo sozinho
uma História de Eterna Paixão
Fragmentado
Multifacetado
Estilhaçado
Será que você
Será que você não vê quantos eu sou?

Do que eu preciso é de um muro
Me fechar
Trancar a porta
Apagar a luz e me deitar
Esperando a manhã chegar

O que eu quero mesmo é me odiar

pelo que sou

Soneto de Fidelidade

Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Tóxico

regula
coage
adula
invade
agride
covarde
machuca
fazemos isso por opção?
isso é uma dança?
uma fixação
seriamos loucos então?

"o tempo passando e a gente parado fazendo cena pro público rir"

me empurra
me puxa
me faz rodopiar
me joga pra baixo
pra poder me apunhalar

eu
sabendo que mereço
não consigo reclamar

vc
obcecada não consegue
nem me assistir
enquanto morro

mas
nosso beijo já teria gosto de sangue

Eu, o homem

Eu, o homem, sou um fraco
Eu, o homem, destruo aquilo a que estou apegado
Eu, o homem, detesto os homens
Eu, o filho que detesta o pai
Eu, a pessoa, quero mesmo repensar
o que é ser homem
e o que significa amar

Disfuncional

Acho que entrei numa espiral decadente
de um relacionamento abusivo
e estou preso a ele
Quero provar algo a você e a mim mesmo

Mas não adianta agora
Do que eu preciso é que o tempo
cruel
afaste tudo isso de mim

Quanto a você
eu entendo
que seus sentimentos são intensos, profundos e às vezes contraditórios
eu te perdoo e não posso mais implorar seu perdão
só quero que se afaste mesmo
e cuide do seu coração

Mas lá de longe
olhando um pro outro
quero que nos vejamos inteiros
com todos os nossos defeitos e qualidades na balança
e sabendo que não poderemos mais caminhar juntos
ainda nos amemos
sabendo o quão bons, raros e preciosos nós somos

madrugada viva

Como é fácil
pisar no coração de alguém caído
Como é fácil
rotular e atacar alguém contraído
Como é fácil
achar que se precisa sofrer
ou até morrer
pra provar algo pra alguém querido

Difícil é dormir
ou escrever bem

domingo, 9 de abril de 2017


o que me consola é pensar que um dia morreremos
não seremos nem memória
não haverá nem pensamento
a água vai continuar correndo
e as estrelas queimando
e não haverá ninguém nem pra comentar
sobre os humanos se amando

sábado, 8 de abril de 2017

Quando alguém aperta a gente
A gente expira
Quando amando alguém
A gente suspira
Quando perdemos alguém
A gente nem respira

Você expira e nosso amor também

Sacudindo a poeira dos ombros

Eu tinha a chave
Mas tive que continuar a caminhada
Talvez aquela fosse a porta certa
ou talvez fosse a porta errada

Errando eu vou
tentando acertar
pelo menos agora
eu sei como encontrar

Hoje, não sou o mesmo de ontem
mas aquele homem é minha matriz
de peito aberto eu vou tentar mudar
ser honesto e feliz

Foi muito, muito bom conhecer você
Colocar em palavras é tentar reduzir o infinito 

Sinceramente eu sei que sua vida será rica e interessante
Você não sabe o tamanho da minha Gratidão ao Universo por ter você na minha história

Eu tinha a chave
Mas primeiro eu tive que me encontrar
Estou partindo
Não acho que vou voltar

Porquê ontem eu vi aberto

sexta-feira, 7 de abril de 2017


Rega com suor e gozo
O roçado novo em meus lábios
Sábios de seus beijos
Sequiosos
Secos de sua chuva
Obsequiosos


I have discovered the meaning of the giant hand.

A hand has two functions; to grip and to release. But without both of these powers it is useless. Like newborn infants we grab what comes near us. Hoping to control it, taste it, jam it into another child's eye.
But the time we spend in control of our world is the time we spend letting go of others. Ideas, stories, pride, girls in soft sweaters, video games, buttered noodles... Grip one for too long and you lose so much that you've never held.
This giant hand was sent to all of us as an invitation to increase our mastery over the power to hold on.
And let go. #community 


Das manchetes

Abri o jornal hoje
e nele só haviam tragédias:

Crianças morrem com ataques de armas químicas na Síria. 
EUA bombardeiam o país em represália. 
Rafael, de coração partido, teve o que mereceu. 

Aquele beijo que você dedicou
Ao ódio e ao esquecimento
Ou até aquele outro que você saboreou por um momento
Brindando na cama à juventude perdida
Eles foram tão bons?

Foram melhores que o nosso beijo no lago
Ou na estação de trem
Foram melhores que o afago no capô do carro também?

Alguém pintou uma aquarela
Escreveu um poema
Passou no seu dedo uma aliança
E te chamou de "minha pequena"
ou fará também do quarto um altar?
Outro amor como o nosso, onde eu posso achar?

Alguém vai fazer por alguém
No futuro distante
Ou noutra galáxia também
O que eu fiz por você meu bem?

Alguma noite da nossas vidas vai superar
Aquela dos fogos pra celebrar
O amor quando a gente se encontrou
E edificou?
Até que o pecado se somou
E tudo acabou

Eu não sei se a palavra é a chave
que abre as portas do seu coração
Mas pelo menos eu desabafo
E o livro me faz companhia
E quem diria, é um livro sem tinta
Tão falso quanto você pinta
O retrato do nosso amor
Que não teve igual
Nem nunca terá
Que não teve final
Nem nunca terá

Mas talvez não pudéssemos renascer
Sem antes morrer

Control can sometimes be an illusion. But sometimes you need illusion to gain control.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

What if it rained?We didn't careShe said that someday soonThe sun was gone shine

Patricidio

Da ponta da raiz até o último fio Eu ainda sou você Não só um espelho Mas uma condenação Perseguido pelo fantasma Da minha benção/maldição

pai

Quem você foi?
Agora eu vou ter
que matar você

Porque não posso viver com nossos defeitos ainda que muitos pense que fomos perfeitos

lembro sim do oceano que era seu carinho de cantar pra mim enquanto eu dormia de quebrar seu óculos com a espada vermelha e de descer a onda ao seu lado nas férias de andar de bike vou até levar a cicatriz

também lembro que eu te amava tanto e sofria quando via você reclamando só queria que você fizesse alguma coisa que agora restou a mim, fazer eu via que você não aguentava era o que a cerveja e o cigarro falava parecia mesmo que você queria fugir ou estava apressado em se destruir

por isso também
eu não te perdoei

mas por último sei dos seus gostos estranhos, do outro lado que você só mostrava na rua e das suas traições e eu me senti traído também

por isso também
eu não te perdoei

Ainda que que Sísifo atinja o alto da montanha a pedra rolará outra vez mostrando a nós todos que esse esforço é eterno e que mesmo assim precisa ser feito você foi um pai foda mas eu tenho que te dizer que eu preciso carregar agora essa pedra e que vou fazer isso melhor do que você quando você me deixou, tudo desmoronou. Agora eu olho para cima, me levanto, bato as mãos para retirar a terra e assumo minha posição.

E se ainda existisse você ia ver.
Que eu vou ser melhor que você.

e eu sei que você ficaria feliz por isso
mas agora eu vou ter
que matar você

Para ler quando eu esmorecer

Fiquei um pouco assustado com tudo isso. Até comigo mesmo. Eu escrevo isso aqui pra mim, não esperava que alguém frequentasse ou que esse espaço virasse um espaço de diálogo. Eu não sei. Eu não sei muita coisa. Minha vida pendeu sabe? Entre alguns extremos às vezes. tenho um desafio gigantesco em me manter centrado num projeto por muito tempo. Mas não estou falando de romance. Eu sempre me entendi como um romântico. Quando me conheceu, eu era um romântico desiludido. O divórcio foi difícil para mim. Perdi tudo, até a fé na bondade. E você.... era tão pura. Ainda é. Eu mergulhei em você, e nadei nadei. Gostei muito de quando ficamos, me apaixonei imediatamente, em alguns segundos eu queria me casar. Pareceu mesmo a mulher certa. Mas eu até tive dificuldade em acreditar nesse nosso projeto de vida "ter uma história de amor digna da literatura". Eu fui safado. Eu fui escroto. Não sei porquê fiz isso. E eu nem mereço perdão mesmo. Escrevo esse texto, para tentar achar um meio termo. Em que eu consiga acreditar na minha força de fazer o certo, nos relacionamentos e nos romances. Eu sei que quero trabalhar mais. Sei que quero fazer o Doutorado em Educação e Tecnologia. Que se tiver oportunidade, eu quero morar fora. E eu sei, acima de tudo, que eu acredito no amor. Quero me casar e ter pelo menos um filho, quando tudo estiver pronto. Porque eu sei que quero ser o melhor pai do mundo, como meu pai foi pra mim. Não, quero ser melhor que ele e quero me livrar do espelho dele, desse cara reclamão, acomodado e até hipócrita. Eu não quero ter segredos e eu não quero lamentar por estar preso onde estou. Eu quero uma companheira que seja bem parecida com você e eu vou encontrar. Depois, eu vou contar tudo a ela. Inclusive que errei com você e com a Júlia. Que me arrependo de muita coisa que fiz e que preciso de ajuda pra tentar mudar. Enquanto isso, eu vou enfiar minha cara nos livros. Vou me dedicar de verdade, por mim mesmo, não tanto pelos salários, mas porque eu sou um pesquisador que acredita na educação como uma forma de tornar as pessoas melhores do que elas são. Mas pra isso, primeiro, eu tenho que acreditar em mim mesmo, e que eu posso ser melhor do que eu sou. Então as palavras chaves desse texto são: vontade, redenção, superação e esperança.
saí ontem
com metade da cidade,
mas na verdade
a sua amizade
é a que me faz falta
não sei porque
você me maltrata

a poesia sai num suspiro é como um espirro
se to antenado no estado de espírito
ela fala pra mim
o que me incomoda tanto assim
não que esteja tão ruim
mas você faz falta sim

Não vou cair sem lutar

Lutar pelo prazer da luta
mais que labuta
manter um amor
que pediu pra se perder

Mas o que amamos quando amamos?
a pessoa é sempre menor
do que esses suspiro cheio
quando meneo a cabeça
Do que o sentimento macio e morno
que guardamos no nosso peito

Está decidido então
Que vou amar meu coração
Porque é lá
Que você mora
Se você escolheu ir-se embora
Deixou pra mim esse amor bonito
que carrego no abrigo
Você está sempre aqui comigo
aqui bem pertinho do peito

De vez enquanto
eu saco esse sentimento do bolso
puxo do fundo da gaveta
só pra ficar olhando
praquele monte de coisa bonita que fizemos juntos
e meu dia é uma sombra daqueles dias luminosos

Tenho por você meu docinho
o maior carinho
é um sentimento fofinho
que me invade como maré
ele até passa
mas me deixa sorrindo até
e saber que você não tá lá
é um sentimento menor
comparado ao saber
que você existe e que fez em você
um ninho pra mim
e que eu te vi passar
e que você me puxou
e ficou um tesão uma certeza
de que seriamos de todos
o melhor casal

e diante de nós esse oceano de alegria
secou?

Já me espatifei mil vezes
Já caí de mais alto até
Já chorei escondido
muitas vezes
Já desisti até de desistir
Trocaria num instante
essa solidão que você chama de juventude
pela nossa cor vermelha sólida

Mas só ama quem sabe perdoar
só ama quem entende
só ama quem se anula
Só ama quem deixa morrer o sujeito
pra poder viver em casal
Talvez seja realmente um peso
que seus ombros delicados
não estejam prontos pra suportar
tem que abaixar a cabeça pra depois levantar

a fonte da vida
não é a morte?

Já que você não consegue viver no pesado
vou viver no passado
deixe outros bandidos
visitarem suas delicadas coxas
que o riso artificial seja sua trilha sonora
enquanto os olhos viram
procurando nossa gargalhada
na neurose do sempre novo
recomeçando sempre
terminando sempre
é a morte da morte
ou a falsa vida

Mas, não vim aqui só pra alertar
também vim
eu também
pra me humilhar
de novo
porque rastejar por você
não é humilhação
pois você mora no meu coração
e não quero deixar você sair do meu peito
sei que tem direito
mas por respeito
vamos escutar meu lamuriento
pedido de perdão

Eu me vejo pelos seus olhos
sinto sua obsessão
sei que não mereço tanto
mas algo que mereço certamente
é seu perdão
não só pelo bom que sou
mas pelo bem que somos
não vá matar
algo maravilhoso
por esse momento horroroso
se consola no meu peito
dança comigo
vamos ao mar
nos lavar
Vamos deitar enroscar
vamos nos amar
e vamos nos xingar
não como se nada tivesse acontecido
mas como se subíssemos um degrau
enfim
basta você
engolir esse orgulho
e dizer sim

vamos sentar
tomar um sorvete e conversar sobre
o que queremos e sentimos
mas não vamos nos afastar
nem matar esse amor tão lindo

eu sei que você é (foi?) louca por mim
e você sabe que eu sou (fui?) louco por você
então seria loucura
voltar ao normal?
mas o que é nosso normal?
senão estarmos sempre juntos?
minha casa meu ar minha vida
meu amorzinho minha querida
não vou cair sem lutar
não vou deixar você desistir assim
vou te sacudir
e falar
volta logo pra mim!!!


segunda-feira, 3 de abril de 2017

Uma investigação
só pra botar
a casa em ordem

Não sei porque
desde o princípio
me encheste de medo

Pra você era natural ser um Poder

que encanta mas assusta
e definitivamente machuca

há algo de nobre nesses sacrifícios todos
que alimenta a esperança?
Aquela luz não está tão distante
e se esvaindo
deixando claro que nunca será alcançada

o que teríamos a ganhar
e o que perdemos?

mil olhos brotaram do chão
as raízes enroscaram nos meus pés
abri meu livro preferido
e encontrei outro olho seu

enquanto uma voz sussurra no meu ouvido
tu és meu
tu és meu
parecendo até que aqui está um homem
que já morreu
e não sabe
Não de carne, mas de luz
Mas meu anjo posso te garantir que sou
carne, osso, sangue, fezes, bile, saliva
estico, encolho, tenho hérnias e um dente escuro

Sim eu conto mentira
e sim eu conto verdade
Sim eu olho pro lado
e sim eu também estou errado

Mas o que seria
afinal o que seria estar certo
quem te iludiu
não fui só eu
mas já não dá mais
pra fingir

Agora quando me acusa
de não sentir
meu bem
sentir é o que mais faço
com os buraquinhos dos olhos num regalo
meu peito vira um tufão
eu sinto o tambor
também tem um pássaro
azul no meu peito
e o mundo gira quando deito
e meus pés estão frios
o mundo é feito de aço
mas sentir é o que mais faço

sinto que você
enquanto chora me esfaqueia
lamentando a minha morte
mas quem morreu não foi um Deus
também não foi o amor
que voa por cima disso tudo
e insiste e existe
e era algo bom
mas que tava atrelado
a um monte de coisa errada
e na balança
ainda vale seu peso em ouro

fragmentado

olhando por esses buraquinhos
amarrado
nesse pedaço de carne
o que aprendi? o que ensinei?
Era eu naquela foto antiga?
Amanhã o que serei?

F
   R
                                       A
                                   G
                               M
            E
              N
                T
                           A
                         D
                       O

Realmente eu só posso estar
só posso estar errado
isso é o que se comenta
por todo lado
e eu tento e sumo
pra me manter calado
e aceitar o meu fado
e voltar lá atrás
pra ir buscar o fardo
que deixei pra trás de pesado
mas que agora tem me faltado
até esse rap tosco sabe mais de mim do que você

Vou levantar a cabeça
Vou abrir meu sorriso
Vou respirar fundo
Sabendo que me encontrei
Sei exatamente onde acertei e onde errei
Agora também sei onde está o Norte
Vou sem saber se chego
Antes da morte

Mas no caminho, muita gente que conheci e conhecerei
saberá
Que em mim há carinho
há amor
há bondade
que já fui feliz e pleno
e que sou a porta aberta
que nunca poderá ser fechada

Esse sou eu
e eu olho no espelho
e também acho até estranho
mas não acho feio
e também acho desvairado
mas não acho triste

Eu te dei sim
relutante
a chave do meu coração
que ainda guardas ou perdeu
não é consolo imaginar
se serei ou não eu
mas nas tempestades da juventude
eu sempre teria escolhido o amor
como todo amor

lindo
mas difícil

Agora olho pra trás
e muitas estrelas brilham
algumas até acenam
e dentre elas você é o sol
cuja ausência me esfria
para nós, novos dias virão
já eu, gostaria de renascer
no seu coração
mas não vou morrer não vou morrer
dessa dor de paixão

domingo, 2 de abril de 2017

Pra você


sábado, 1 de abril de 2017

Quem mandou
quem deixou
esse anjo pisar meu coração
fui eu
fui eu o demônio?
isso foi por amor?

amor próprio

sexta-feira, 31 de março de 2017

nosso mantra
sobre coisas que não existem
Deus e o Amor
não são senão um choro do homem
de olhos fechados
com medo de tudo que existe
mentirinha gostosa
já na garganta do abismo

Liberdade e libertinagem

Aqueles anjos
aqueles anjos eram de porcelana?

Eu sou um gigante
pisando as rosas do jardim

vilania!
mas eu também sangrei

O espelho me assustou
e caí
depois de tantos infinitos

na real

espatifado no chão
minha maldição

quanto sobe e desce
quanto sobe e desce
acho que não vou sossegar
vou só assim
sossobrar
e depois mergulhar

já falei
faz pelo menos uma década
do sabor da vertigem

mas o que é que resta
o que é que resta de mim?

Aqueles anjos de porcelana
diabrete leviana
já a santa de marfim
talvez não fosse mesmo pra mim

são também meus
esse impulsos nervosos naturais

mas te amar
é um mar

isso não significa
que não corram rios
e que os lagos não reflitam o sol

qual a solução
senão convulsionar

não tem idade
pra liberdade

diferente é gritar
ao invés de suspirar

mas eu também sou um covarde
e me escondi por trás da máscara

me assustei com o espelho

onde ir
onde pousar?
tanto mar
tanto mar
natural mesmo é ser nuvem
esse medo grande
não parece euforia?

Ainda faltava eu te contar essa história

Ainda faltava eu te contar essa história. Porque não escrevemos (eu e eu mesmo) sempre? Talvez o seu volume luminoso, cavalgando meu céu em tamanho esplendor, tenha eclipsado minha inspiração. Quanta bobagem, não adianta ser pomposo. O que quero dizer é só que aquele sorriso doce e bobo, combinado com aquela assertividade... ah, saco, esse poema já virou texto.



Sim, especial
mas devagar 
veio vindo
e foi mesmo lindo
depois do beijo 
a brisa fresca 
da conversa no lago 
o vexame no carro 
foi um ataque 
mas que contra-ataque! 
apaixonei 

De skate ela chegava 
minha branquinha 
e me namorava 
a tarde inteirinha 
na madrugada mergulhava 
de noite 
era só minha 

E assim passou e veio a solidão morna 


II
Longe, mais que longe, presa na janelinha 
suspirávamos e chorávamos 
e eu 
demônio ou como tenho dito, sátiro 

O que é o amor? 
O que é o amor que me conquistou? 
O que é o amor que já me visitou e me largou? 
Quantas dores destroem um poeta 
Quantas dores constroem um poeta 

Não desvia 
fala 

Saía 
Saía e vagava 
vagabundava 
mas suspirava e falava falava 
e sim amava
demais até 

mas pisei também uns corações 
esperando a moça presa no torre
solidão seria a solução?
acho que sou o egoísta que mais se doa
é uma pena que a vida não perdoa

Até que um avião e um trem
me levaram até ela 

III 
No velho mundo
aquele sentimento velho 
que conhecemos num segundo 
quando nos beijamos 
hesitando de admiração e respeito 
quanto carinho 
que paixão 
parecia que o céu tinha descido ao chão 

O que trocamos
era eu 
derretido 
refeito 
gravado a fogo 
com seu nome
dizendo sim
dizendo sim por favor


e na roda gigante? que frio! 
aquele riso molhado 
aquele grito 
não abafado 
um ano com dois verões 
um ano inteiro 
que só teve dez dias 
mas dias que valeram 
um ano inteiro 

sem ela

IV 
Um alienígena pousou no meu quintal 
Só os bichos o amam 
Os homens lhe encaram 
não sabem o que dizer 
deixe lá fora 
segurando o buquê

olha que estranho 
como eles são estranhos 
isso não é normal 
inaceitável! 

ah... mas tiveram aqueles caras esquisitos 
que ao invés de querer nos matar 
diziam que devíamos é nos casar 
eles sim 
eles sim eram estranhos 
o resto não 
e eu fingia que era aquele ET manso 

a liberdade é um sonho impossível 
só nos resta olhar pela janela e sonhar 
ser como aquela nuvem 
deslizando no azul claro 

também bebi neon 
e me envenenei 
mas o que mais gostei 
foi do sushi que provei
à beira mar 

V
a rotina é dura mas não dura 
seria bom seria bom 
mas não seria
sempre vivemos no quase
a verdade me deu um tapa na cara 
agora eu to aqui 
mas o céu tá chorando




domingo, 5 de março de 2017

Vida, Morte e Religião

agonia sufocada
solidão
e silêncio
estou preparado para o fim?
belo poente de pessoa
imortal?
qual o medo
qual o tamanho do medo
que poucos suportariam
sem a doce ilusão
da religião?
as mentiras são delicadas
intrincadas elaboradas
violentamente defendidas
mais bem protegidas
nossa religião
nosso consolo
tolices até bonitas
agonia de bilhões
sufocada
solidão e silêncio
quando as palavras não fluem
oh... porquê essas palavras não existem?
não conseguem
poderiam?
comunicar o que os olhos
cerrados ou num regalo
sabem
em silêncio
a religião é um refúgio dos macacos que sabiam demais

domingo, 29 de janeiro de 2017



Acho que vou escrever um poema ou livro tipo um diário meio doido contando das coisas que acontecem na minha cabeça. Depois só vou publicar num blog que ninguém lê e deixar essas coisas guardadas para eu rir de mim mesmo daqui a muito tempo. Queria ter talento para descrever o motivo do meu sorriso quando estou de pé espremido contra o vidro da frente num ônibus lotado atravessando a Terceira Ponte. É que minha cabeça tá láá em baixo na água e estou imaginando que estou voando bem rente a água, e de repente parece que sinto o frescor da água respingando.