segunda-feira, 24 de julho de 2017

Às vezes as palavras me fogem
Penso que em algum canto, ou em alguma de suas infinitas combinações,
se esconde
a senha ou a chave
que abre essa porta

foi-se dito que palavras são vento
e que só as atitudes falam a verdade
sinceridade
não sei nem como agir

minhas mentiras visavam preservar
mas com elas me mutilei
escondi minhas cicatrizes e vergonhas
fingi até eu mesmo acreditar

se eu fiz um mal
não fiz por mal
desculpa

carrego a culpa
e tento me regenerar
e tento não desistir
mesmo sem procurar
tento sorrir e me alegrar
achando nisso o consolo
de que a vida continua

mas me preocupo
com serena pose de tutor
como um demônio que livrou o mundo de si mesmo
como um feitiço que nunca encantou nem existiu
como um amante que ainda ama, mas desistiu

o que querer então
e como querer?
esperar o tempo parece solução
já não existe razão
o que queima aqui
é só a paixão!

um fogo longínquo que me ilumina a noite
e prende meus olhos
e aquece meus suspiros
procuro o pingente e duas vezes sussurro seu nome
quanto pesar
quanto pesar

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