segunda-feira, 24 de junho de 2019

Ode à Morte

O capim vencerá o camponês
A poeira vencerá a faxineira
A morte vencerá os médicos
A violência sempre vai ser resultado, de todos os tratados de paz.
Toda extinção é um alívio
E toda vida, uma anomalia.

Eu sou a porta fechada que nunca poderá ser aberta.

Quem me vê passando assim
Maltrapilho e descuidado 
Pode até não saber 
Mas eu estou escrevendo um livro 

As entrelinhas são os meus dias 
Contados sem pressa 
E o protagonista 
Sou eu 

Essa história não pretende ser interessante pra ninguém 
Mas ela é a história que eu quero viver 

Eu não quero ser 
Mais um fortinho de barba, posando de alternativo 
Eu quero, buscar o meu caminho 
No Fora 

Eu não quero mostrar, nem esconder 
As vezes só tenho preguiça de contar 
Porque agora sou poeta e filósofo de mim mesmo 
Compartilho algo com aqueles homens práticos e rudes do passado 
E também compartilho algo,
com os mais sofisticados, que precisavam de coleções inteiras de livros, pra explicar sua visão sobre o mundo e a vida 

Eu me tornei aquele, de barba largada, andando com botas gastas, jeans rasgado pelo tempo - e não na boutique - que percorre portos, cais, florestas e montanhas. Eu não leio sobre as andanças desse personagem assombrado pelo passado. Porque assim, talvez não por acaso, eu me tornei meu personagem preferido. 

Eu sempre gostei dos solitários e eu sempre gostei da solidão. O silêncio me comunica muita coisa. É como o silêncio da pedra que já habitou um palácio, de uma civilização extinta. Ela diz muita coisa, para aqueles olhos treinados, que sabem aonde procurar e ler e ouvir. 

Os Deuses antidiluvianos que ameaçam acordar e destruir o mundo, são os meus próprios demônios. Eu conheço todos os ritos da destruição e da morte, além de pelo menos mil maldições. Eu sou o mago.  Sou o próprio fauno. A música é minha magia e a minha poesia. Eu sou o segredo que não quer ser revelado. 

E um dia no futuro, quando meu destino - que mistério - finalmente for consumado. Talvez eu sente para contar, a história que estou escrevendo com a minha vida.