domingo, 11 de setembro de 2022

um poema que queria ser cola

Vou procurar novamente refúgio 
Nesse caderno solitário
Estou sentado numa praça em Florença
Mais uma vez 
Mais uma vez 
Sofrendo por amor 
E vou escrever pra você 
Pra registrar nesses pixels fugidios 
Meu amor que quer ser eterno 

Você é a pessoa mais doce 
Redime em sua doçura sofrida 
A humanidade inteira 
Dá sentido ao mundo 
E ao único Deus: a vida. 

Em sua imensurável beleza 
Eu me deitei 
E foi aconchegante 
Mas minha mente é sempre um turbilhão 
Meu coração inquieto 
Meus olhos famintos 

Todo mundo ama cachorros 
Mas ninguém respeita quem se comporta como um cachorro 
Eu me encaixei 
E tentei me encaixar 
Mas eu não me encaixei 
E me deixei escapar 

E você, sempre magnânima
Me deixou ir 
E suportou minhas cachorradas

Pra mim era um pouco mais fácil 
Relevar as dores dos ciúmes 
Colocando sempre o valor absoluto dos outros 
Acima do meu 

Eu tão humilde e tão orgulhoso 
Faço da falsa humildade meu orgulho 
E sou um hipócrita também 
Porque tenho consciência que minha humildade também é uma estratégia 

Mas entre tantas verdades difíceis 
Existe essa 
Eu te amo 
Eu te admiro e te quero 
E gostaria de dizer que faria de tudo pra darmos certo 
Tudo menos te fazer sofrer 

Adorei que você veio 
Mas queremos sempre mais 
Dentro dos limites do mundo e do outro 

Esse é um "poema" 
Pra gente se olhar no espelho 
Juntos ou separados 
Nus e escancarados 
E pra te dizer 
Que eu sinto muito 
Muito mesmo 
Que a gente tenha espinhos 
Que nós façam sangrar e chorar 

Esse é um poema que queria ser cola 
Mas não existem colas pra cristais

Eu segurei a rosa com as duas mãos 
E me machuquei também 
Mas não te machuquei de propósito 
Por isso eu sinto muito muito mesmo 
E espero que depois de separarmos nossos caminhos 
Real ou figurativamente
Possamos nos reencontrar em outra encruzilhada 
E traçar mais uma vez, um caminho partilhado. 

Mas eu sei muito muito bem
Que a vida não nos deixa escolher 
E a vida, esse deus único e caprichoso 
Já tem tudo pré programado 
E nós resistimos, mas não podemos fazer nada além de seguir seus desígnios 
Que nos são impostos
Às vezes de dentro.

Agora, vomita o que te faz mal 
Essa é a natureza agindo
É natural e inevitável 
Me ama e me odeia 
E me odeia por que me ama 
Me julga levando tudo em consideração 
Como sei que fará
E escolhe o que for bom pra você 
Porque tenho certeza que isso será bom pra mim 
De qualquer forma, vou sempre sentir muito 
Todo bem e todo mal 
Essas duas faces inseparáveis da vida