domingo, 18 de março de 2018

Uma pessoa são várias pessoas
De manhã sou um
De tarde sou outro
Consistente nas correntezas que me arrastam pra lá e pra cá
Já desisti de pousar
Resolvi voar voar
E quem te deu a verdade?
Como tomou posse desse símbolo poderoso
E como decidiu o que é moral e imoral?
O que te move eu não sei
O que me move
Eu também não sei
Não sabemos nada
Tudo está solto fluído vaporoso
Estamos fazendo só o que podemos
Com o que nos foi dado
Eu particularmente sei
Nunca cometi um ato deliberado de maldade
Sei o que eu sou
A porta aberta que nunca poderá ser fechada
Menino bobo
Astronauta
Poeta secreto
Eterno aspirante a se tornar música
Na vibração intensa dos momentos
Fonte morna que transborda
Riso fácil
Olhos brilhando, tão cansados
Cabeça de nuvem
Eu sou mesmo esse menino
Intenso
Incoerente
E tão amoroso
Eu sei eu sei
Me julgas pelos seus padrões
Eu já não os tenho
Pela vontade eu tento
Ser além do homem
Sempre além
Sempre além
Acho que você podia tentar também
Mas pra te aconselhar eu não sou ninguém

De manhã eu sou triste
A noite feliz
De manhã triste de novo
Ou vice versa

Eu quero
Eu mereço
Eu posso

Eu sou a onda que bate na praia
Sou o vento em meus cabelos
Sou o sol nos meus olhos
Eu sou o fogo
Eu sou o fogo
Sou a luz
Sou a rocha
E esses bichos todos
Tudo que falou sobre mim é verdade
Tudo o que esqueceu também

Não posso mais esconder ou fingir
Já não quero me redimir
As forças da natureza que me trouxeram aqui
Não se importam com nada

De resto só não temos o tempo
Aquele velho cruel

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