segunda-feira, 12 de março de 2018

O fogo ainda é uma brasinha
e eu assopro, assopro ou espero
até que irrompas em chamas

será que eu perdi o tato
ou o perdemos todos?
ainda existe compasso
ainda existe ritmo
ainda sabemos dançar?
Há vontade?

o que está implícito
não está posto para os brutos
as mãos ásperas tem pressa
e não se espera mais o tempo da natureza

estamos conectados em bandas largas onde na correria atropelamos corações

o neon do balanço orgiástico etílico
o sufoco do gelo seco, do rum, do gin, do cigarro
o beijo como brincadeira
o afastamento
o puxão
o constrangimento
o obsceno
aquele calor morno
sem dizer que sim nem que não
este tem sido o ritmo
do meu coração

dancei dancei e sorri
fui triste mais uma noite,
nem vi
terminei sozinho mesmo com alguém ao meu lado
no domingo a noite o gosto amargo
de quem de novo fez tudo errado

já cantei essa canção
essa é minha maldição minha maldição
minha auto imposta maldição

onde achar alguém perfeito? onde se esconde o pomo dourado do eterno desejo?
o bom é mesmo rolar incompleto?
feliz sozinho?
teria alguém a paciência? teria eu mesmo plena consciência?

a estrada
diante de mim
parece tórrida e longa
daquelas que do sertão levam ao mar
debaixo do árido céu

azul profundo

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