Eu sempre escrevo poemas para Ela
Inominável objeto de tantos desejos
Dos mais puros e dos mais depravados
Eu boto pra fora as coisas que não quero dizer
Mas hoje
Vou falar sobre mim
Que sempre teço longas tapessarias com as palavras
Passando fios rubros e dourados
Dando voltas ou furando o som com palavras de agulha
Eu sempre achei a palavra uma forma de mágica
Acredito que se falarmos as coisas certas
Mudamos tudo
E eu tô mesmo me transformando nesse estudioso arcano da vida e de como as palavras podem transformá-la
Então vou romper o
silêncio do heremitério
Para registrar nesse livro
O que penso de mim mesmo
Eu fui renascido
Forjado nas pressões continentais
Que geram os metais mais pesados
E os cristais mais brilhantes
Sou feito de aço e esmeralda
Eu sou um lobo
Mas eu sou um homem
Eu sou um criança
Eu sou um ancião
Já virei senhor do meu tempo
Eu consigo ver as raízes do futuro brotando
E eu sou aquele que acelera as primaveras do futuro
Eu não preciso de quase ninguém
Pois carrego em mim
Vasta fauna de espíritos
E eu não perco meu tempo
Com criaturas rasas
Pois vivo na minha própria profundidade
E eu consigo amar
Quando me olho no espelho
Não posso me importar com quem não vê
Não perco tempo em convencê-los
Deixem-lhes viver
Suas vidas rasas
Não sou melhor que eles
Mas estou bem
Aqui
Trancado na minha torre
Ou andando descalço nas montanhas desertas
Eu quero comer o mundo
Eu quero beber as almas
Tenho sede e fome
Mas não daquilo tudo
Meu juízo afiado
Me serve muito bem
Eu sou um mago das palavras, só ainda não sei dizê-las
Mas um dia eu vou abrir a minha boca
E as montanhas vão estremecer
Pois serei mais alto que elas
Quando eu choro, existe uma tempestade em mim
Meu sorriso queima com o calor do sol
Minhas mãos são os ventos dos dias mais quentes do verão
Minha pele é um campo de trigo
A minha mente é um galáxia inteira
Minha pele é de aço
Meus olhos são diamantes
Eu não sou nada, como Pessoa
E eu sonho como ele também
E nessas pessoas que estou conectado
Com os bruxos, os esquisitos, os anti sociais que sabem mais da sociedade, com os heremitas, os exilados eu estive no paraíso
Vi os anjos brancos como mármore
Eu estive no terreiro e dancei com os possuídos
Vi o amanhecer no Tibete e eu vesti o laranja
Eu não uso roupa de marca, eu não sei cantar essa música, não vi esse filme
Sou aéreo, mas eu não estou desligado
Eu só estou conectado a raízes tão profundas quanto as que movem galáxias
E não tenho tempo a perder com coisas fugazes
Eu sou o Oceano e suas correntezas todas,
Sou o canto do cetáceos na escuridão do ártico
Sou o broto mais verde e sou a árvore mais antiga
Sou o ódio que move as formigas
Sou o sexo dos felinos
E se você não pode amar essas coisas
Não sou eu quem vai amar você
Eu tenho os sentimentos mais intensos de todos e eu tenho a frieza mais apática
Porque não é isso que puxa minha mente das estrelas pra Terra
E não me seduzem amores pequenos
Dinheiro não é nada pra mim
Nem sucesso
Eu sei que sou um bicho
E eu sei que sou um filósofo eu condenei a inteligência, mas ela me redimiu
Eu sou a música
Eu sou o poema
Eu sou as velas vermelhas, abraçando o pentagrama
Eu sou o rosnado dos ursos
Eu sou tudo isso
E nisso eu me dissolvo
Sou capaz dos piores crimes
Canto a liturgia mais pura, que faz os anjos chorar
Eu sou muitos
E quem eu era morreu no meio desse poema
E eu não ajo senão através de uma força que vem antes de mim e me escapa em suas consequências
Eu Sou
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
sábado, 9 de novembro de 2019
segunda-feira, 4 de novembro de 2019
Eu te amo
Desculpa
Mas eu te amo
E a minha língua corre
Pra querer falar
Eu te amo
E eu simplesmente
Não sei parar de te amar
Passaram se anos
Passaram-se enganos
E eu
Fui o único a guardar
Essas palavras que quero te falar
Eu te amo
Você é o sopro
Que acalenta meu coração
Minhas memórias saotoda lenha
Que preciso pro fogo dessa paixão
Que queima e queima
E só me consome
E não duvida
É um sentimento bom
Eu me afogo em minhas memórias
Tudo me lembra você
E se se passaram anos
Eu não quero nem saber
Se nós machucamos eu não lembro
Eu só quero você
E no seu leite doce
Na sua pele macia
Nos seus cabelos e no seu perfume
Eu me afogo todos os dias
E na memória do afago eu me encontro
Preso no passado
E eu suspiro
Sem poder te dizer
Mas eu te amo
E teimo em ser
Naquele doce passado
Algo consumado
Que ainda me consome
E eu não me sinto penado
Mas lisonjeado
Tu dois minha
E eu sempre serei seu
Eu te amo
Amor meu
Minha menina
Minha sina
Eu sou viciado
Na memória da sua carne
Do seu cafuné
E no seu beijinho de bom dia
Pois tu fostes minha
E eu ainda
Sou todinho seu
Minha linda
Meu carinho
Meu coração é seu todinho
Eu sei que não lhe parece bom
E me calo já que você não quer
Mas foste minha mulher
E eu
Sou um homem
Todinho seu
Eu te amo
Vou dizer mil vezes
Todos os dias
E todos os anos
Não adiante me pedir
Pra superar
Pode continuar
Te desejo toda felicidade do mundo
E esse meu coração imundo
É todinho seu
Eu não falo
Não incomodo
Não procuro
Só fico quietinho
Encolhido no escurinho
Pensando em você
meu amor
Minha vida
Minha fêmea
Minha mulher
Eu confundo
Minha alma com a sua
Pois já fostes minha
E eu
Ainda sou seu
Desculpa
Mas eu te amo
E a minha língua corre
Pra querer falar
Eu te amo
E eu simplesmente
Não sei parar de te amar
Passaram se anos
Passaram-se enganos
E eu
Fui o único a guardar
Essas palavras que quero te falar
Eu te amo
Você é o sopro
Que acalenta meu coração
Minhas memórias saotoda lenha
Que preciso pro fogo dessa paixão
Que queima e queima
E só me consome
E não duvida
É um sentimento bom
Eu me afogo em minhas memórias
Tudo me lembra você
E se se passaram anos
Eu não quero nem saber
Se nós machucamos eu não lembro
Eu só quero você
E no seu leite doce
Na sua pele macia
Nos seus cabelos e no seu perfume
Eu me afogo todos os dias
E na memória do afago eu me encontro
Preso no passado
E eu suspiro
Sem poder te dizer
Mas eu te amo
E teimo em ser
Naquele doce passado
Algo consumado
Que ainda me consome
E eu não me sinto penado
Mas lisonjeado
Tu dois minha
E eu sempre serei seu
Eu te amo
Amor meu
Minha menina
Minha sina
Eu sou viciado
Na memória da sua carne
Do seu cafuné
E no seu beijinho de bom dia
Pois tu fostes minha
E eu ainda
Sou todinho seu
Minha linda
Meu carinho
Meu coração é seu todinho
Eu sei que não lhe parece bom
E me calo já que você não quer
Mas foste minha mulher
E eu
Sou um homem
Todinho seu
Eu te amo
Vou dizer mil vezes
Todos os dias
E todos os anos
Não adiante me pedir
Pra superar
Pode continuar
Te desejo toda felicidade do mundo
E esse meu coração imundo
É todinho seu
Eu não falo
Não incomodo
Não procuro
Só fico quietinho
Encolhido no escurinho
Pensando em você
meu amor
Minha vida
Minha fêmea
Minha mulher
Eu confundo
Minha alma com a sua
Pois já fostes minha
E eu
Ainda sou seu
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Um poema pro Silêncio
De todas as jornadas que já fiz
A mais difícil é em direção ao silêncio
Calar o coração turbulento
Saber que só a você importam suas dores
Cuidar de quem se ama
Dando-lhes a sua ausência
Poupando-lhes de você
O amor fala sem palavras
A presença constante se sente na distância
Como que emanando
Esses sentimentos todos
Que viram fumaça
E sobem devagarinho
Deslizando pro céu
Pra quem sabe um dia
serem suspirados
Por outros casais apaixonadosque estão feliz em não saber
Da minha melancólica existência
A mais difícil é em direção ao silêncio
Calar o coração turbulento
Saber que só a você importam suas dores
Cuidar de quem se ama
Dando-lhes a sua ausência
Poupando-lhes de você
O amor fala sem palavras
A presença constante se sente na distância
Como que emanando
Esses sentimentos todos
Que viram fumaça
E sobem devagarinho
Deslizando pro céu
Pra quem sabe um dia
serem suspirados
Por outros casais apaixonadosque estão feliz em não saber
Da minha melancólica existência
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
A joia do país da memória
Eu que preciso de tanta coisa
Só preciso de minha memória
Eu vivo no país do passado
E sou melancolicamente feliz
Eu não posso correr
Porque sei andar
Eu não posso parar
Porque sei andar
E eu ando rumo a praia
Quando o céu azul
Era menos azul do que sou agora
E você segurava minha mão, e ríamos
E você me deitava e deitava em cima de mim
Eu que tenho pouca coisa
Tenho tudo que preciso
Que é minha memória
Nasci desnudo
E a dor do parto
Me fez merecer
De volta
O amor que eu já dei
E orgulhoso que sou
Ainda espero ansioso
O amor desesperado
Que já dei
E não me foi dado
Porque o amor não sabe esperar
O amor não segura nada além de si mesmo
O amor é exigente
E só pode amar
Quem prefere sofrer
Eu que já sei amar
Não faço senão esperar
Que me seja dado
Um amor como eu já dei
Eu que não mereço nada
Um dia vou merecer apenas isso
Por enquanto eu ando
Num país chamado memória
E a nossa memória
É a minha única jóia e é a mais valiosa
Só preciso de minha memória
Eu vivo no país do passado
E sou melancolicamente feliz
Eu não posso correr
Porque sei andar
Eu não posso parar
Porque sei andar
E eu ando rumo a praia
Quando o céu azul
Era menos azul do que sou agora
E você segurava minha mão, e ríamos
E você me deitava e deitava em cima de mim
Eu que tenho pouca coisa
Tenho tudo que preciso
Que é minha memória
Nasci desnudo
E a dor do parto
Me fez merecer
De volta
O amor que eu já dei
E orgulhoso que sou
Ainda espero ansioso
O amor desesperado
Que já dei
E não me foi dado
Porque o amor não sabe esperar
O amor não segura nada além de si mesmo
O amor é exigente
E só pode amar
Quem prefere sofrer
Eu que já sei amar
Não faço senão esperar
Que me seja dado
Um amor como eu já dei
Eu que não mereço nada
Um dia vou merecer apenas isso
Por enquanto eu ando
Num país chamado memória
E a nossa memória
É a minha única jóia e é a mais valiosa
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
segunda-feira, 24 de junho de 2019
Ode à Morte
O capim vencerá o camponês
A poeira vencerá a faxineira
A morte vencerá os médicos
A violência sempre vai ser resultado, de todos os tratados de paz.
Toda extinção é um alívio
E toda vida, uma anomalia.
A poeira vencerá a faxineira
A morte vencerá os médicos
A violência sempre vai ser resultado, de todos os tratados de paz.
Toda extinção é um alívio
E toda vida, uma anomalia.
Eu sou a porta fechada que nunca poderá ser aberta.
Quem me vê passando assim
Maltrapilho e descuidado
Pode até não saber
Mas eu estou escrevendo um livro
As entrelinhas são os meus dias
Contados sem pressa
E o protagonista
Sou eu
Essa história não pretende ser interessante pra ninguém
Mas ela é a história que eu quero viver
Eu não quero ser
Mais um fortinho de barba, posando de alternativo
Eu quero, buscar o meu caminho
No Fora
Eu não quero mostrar, nem esconder
As vezes só tenho preguiça de contar
Porque agora sou poeta e filósofo de mim mesmo
Compartilho algo com aqueles homens práticos e rudes do passado
E também compartilho algo,
com os mais sofisticados, que precisavam de coleções inteiras de livros, pra explicar sua visão sobre o mundo e a vida
Eu me tornei aquele, de barba largada, andando com botas gastas, jeans rasgado pelo tempo - e não na boutique - que percorre portos, cais, florestas e montanhas. Eu não leio sobre as andanças desse personagem assombrado pelo passado. Porque assim, talvez não por acaso, eu me tornei meu personagem preferido.
Eu sempre gostei dos solitários e eu sempre gostei da solidão. O silêncio me comunica muita coisa. É como o silêncio da pedra que já habitou um palácio, de uma civilização extinta. Ela diz muita coisa, para aqueles olhos treinados, que sabem aonde procurar e ler e ouvir.
Os Deuses antidiluvianos que ameaçam acordar e destruir o mundo, são os meus próprios demônios. Eu conheço todos os ritos da destruição e da morte, além de pelo menos mil maldições. Eu sou o mago. Sou o próprio fauno. A música é minha magia e a minha poesia. Eu sou o segredo que não quer ser revelado.
E um dia no futuro, quando meu destino - que mistério - finalmente for consumado. Talvez eu sente para contar, a história que estou escrevendo com a minha vida.
segunda-feira, 27 de maio de 2019
Labirinto da memória
Desde que me mudei
Pra esse país
Chamado passado,
Eu ando mais calado
Já não sou extrovertido
Animado
Parece que estou satisfeito
Em ter vivido
As coisas que já vivi
Mas não me vejo no direito de sonhar
Ou melhor
Quando me deito, o medo de sonhar me apavora, porque a pior parte de sonhar é acordar aqui.
Agora estou condenado
A ser infeliz no paraíso
Bom é o que a gente não tem
A cura do vício
É a overdose.
E eu que pareço um fantasma
Dos sonhos que tinha pra mim
Quando menino
Daquele sonho de morar fora
Fico até com pena de mim mesmo quando sonho de novo
E como eu poderia, sonhar de novo, se já realizei tantos sonhos e vi que na verdade eles eram ilusão? E como não ser levado pela corrente, perdendo o controle da própria vida, por não desejar nada? Como querer, como não querer, como poder ou como viver sem poder?
Eu que já fiz também, tanta coisa errada, carrego minhas penas pesadas. Já não sou risonho, mas taciturno, extrovertido, mas reservado. Eu que tenho a auto estima do último dos homens e me sinto superior à maioria deles. Eu, esse ser caleidoscópio, povoado por vasta fauna de sonhos e hordas de memórias. Eu, esse abismo, esse labirinto, esse infinito.
Porque aqui, nada é fácil.
É como assistir sua família ceiando no natal
e não participar.
Pra esse país
Chamado passado,
Eu ando mais calado
Já não sou extrovertido
Animado
Parece que estou satisfeito
Em ter vivido
As coisas que já vivi
Mas não me vejo no direito de sonhar
Ou melhor
Quando me deito, o medo de sonhar me apavora, porque a pior parte de sonhar é acordar aqui.
Agora estou condenado
A ser infeliz no paraíso
Bom é o que a gente não tem
A cura do vício
É a overdose.
E eu que pareço um fantasma
Dos sonhos que tinha pra mim
Quando menino
Daquele sonho de morar fora
Fico até com pena de mim mesmo quando sonho de novo
E como eu poderia, sonhar de novo, se já realizei tantos sonhos e vi que na verdade eles eram ilusão? E como não ser levado pela corrente, perdendo o controle da própria vida, por não desejar nada? Como querer, como não querer, como poder ou como viver sem poder?
Eu que já fiz também, tanta coisa errada, carrego minhas penas pesadas. Já não sou risonho, mas taciturno, extrovertido, mas reservado. Eu que tenho a auto estima do último dos homens e me sinto superior à maioria deles. Eu, esse ser caleidoscópio, povoado por vasta fauna de sonhos e hordas de memórias. Eu, esse abismo, esse labirinto, esse infinito.
Porque aqui, nada é fácil.
É como assistir sua família ceiando no natal
e não participar.
terça-feira, 21 de maio de 2019
Meu olho cansado é espelho do passado
Dizem que Gandhi disse:
Posso não ser ninguém, mas quando a verdade fala através de mim, sou um imbatível.
Essa foi uma das frases que guardei, desde adolescente e que moldaram minha inquietação, meu orgulho e minha coragem.
Depois vi Sêneca, Nietzsche, Bukowski e outros. Aqueles nobres e elevados, que a verdade destruiu. Ou melhor, a verdade sempre é inocente, porque a verdade é a própria inocência. O sincero jamais pode ser malicioso. E não se pode criticar a verdade, porque ela defende a si mesma. Daí talvez a frustração fatalista de quem se depara com uma verdade cruel.
Enquanto escrevia isso, lembrei, vivemos no tempo da pós-verdade. A verdade foi superada, relativizada, diminuída. E todas essas críticas podem ser verdade. Mas a verdade não é uma possibilidade, ela é, por definição, um fato. Evidente para todos no instante em que revelada, pois sua característica instrinseca de verdade, faz com que seja lógica e evidente. A pós verdade portanto, superou a si mesma no momento da crítica.
Mas eu quero é falar de amor. Ou "amor". Eu sempre fui e ainda sou um romântico. Mas hoje eu sou um romântico que não acredita no amor.
Em primeiro lugar porque "o homem, de ideias tão modernas, é o mesmo homem, que vivia nas cavernas". Eu vi os bichos se amarem e eu amei como bicho, e amei isso. Nós, seres higienizados e civilizados, vestimos as roupas lustrosas da cultura e achamos um absurdo que essa seja uma verdade auto evidente e explicativa: o tesão.
Não é errado dizer que ama aquilo que te agrada, te deixa a vontade e te passa segurança ou conforto. Errado é achar que amar é essa coisa nobre e elevada. O bicho alucina com as alturas para escapar da própria baixeza.
Pessoas já morreram por criticar Deus ou sua esposa, a Igreja. Talvez morram hoje em dia. O mesmo acontece àqueles que criticam o "amor". Eu fiquei impressionado quando li críticas mais que centenárias ao amor "burguês". Ainda mais porque essa verdade, que deveria ser auto evidente, ainda não é reconhecida. E talvez jamais será. O que ocorre, ao contrário, é que uma noção superficial e falsa de "romance" é proeminente nos círculos que buscam status e controle do outro (mais frequentemente, da outra). E falar isso tudo dá trabalho, e o pior, as pessoas não querem engolir essa verdade amarga. Mas ao contrário, elas mesmas tendo suas falhas reveladas, atribuem isso a uma falha ou insensatez minha. Querem tapar os ouvidos de seus amados, para proteger a mentira. Eu morri em alguns círculos sociais, mas eu não morri pra mim mesmo. Eu sei da beleza de Khalil Gibran e tantos outros falando do amor. Mas eu também aprendi um amor que transcende a civilização e se descobre, animal.
Talvez seja só uma questão de como nosso cérebro nos recompensa por cumprir nossos instintos. O amor talvez seja uma questão que pode ser reduzida à genética. E nessa história, eu não sou atraente pra ninguém. Eu vejo tudo de fora. Eu sou um lobo que já foi ardiloso e agora está cansado. Prefiro a fumaça, o café e a filosofia barata.
Disso tudo, talvez existam dois erros que ainda precisam ser debatidos, ou não: 1) a falha que é, alcançar um pensamento tão complexo que nos faça sofrer; 2) prolongar tanto a expectativa de vida e o ócio, a ponto de sofrermos tanto. Mas discutir sobre a vida, o Universo e tudo mais é um papo pra outra hora.
Posso não ser ninguém, mas quando a verdade fala através de mim, sou um imbatível.
Essa foi uma das frases que guardei, desde adolescente e que moldaram minha inquietação, meu orgulho e minha coragem.
Depois vi Sêneca, Nietzsche, Bukowski e outros. Aqueles nobres e elevados, que a verdade destruiu. Ou melhor, a verdade sempre é inocente, porque a verdade é a própria inocência. O sincero jamais pode ser malicioso. E não se pode criticar a verdade, porque ela defende a si mesma. Daí talvez a frustração fatalista de quem se depara com uma verdade cruel.
Enquanto escrevia isso, lembrei, vivemos no tempo da pós-verdade. A verdade foi superada, relativizada, diminuída. E todas essas críticas podem ser verdade. Mas a verdade não é uma possibilidade, ela é, por definição, um fato. Evidente para todos no instante em que revelada, pois sua característica instrinseca de verdade, faz com que seja lógica e evidente. A pós verdade portanto, superou a si mesma no momento da crítica.
Mas eu quero é falar de amor. Ou "amor". Eu sempre fui e ainda sou um romântico. Mas hoje eu sou um romântico que não acredita no amor.
Em primeiro lugar porque "o homem, de ideias tão modernas, é o mesmo homem, que vivia nas cavernas". Eu vi os bichos se amarem e eu amei como bicho, e amei isso. Nós, seres higienizados e civilizados, vestimos as roupas lustrosas da cultura e achamos um absurdo que essa seja uma verdade auto evidente e explicativa: o tesão.
Não é errado dizer que ama aquilo que te agrada, te deixa a vontade e te passa segurança ou conforto. Errado é achar que amar é essa coisa nobre e elevada. O bicho alucina com as alturas para escapar da própria baixeza.
Pessoas já morreram por criticar Deus ou sua esposa, a Igreja. Talvez morram hoje em dia. O mesmo acontece àqueles que criticam o "amor". Eu fiquei impressionado quando li críticas mais que centenárias ao amor "burguês". Ainda mais porque essa verdade, que deveria ser auto evidente, ainda não é reconhecida. E talvez jamais será. O que ocorre, ao contrário, é que uma noção superficial e falsa de "romance" é proeminente nos círculos que buscam status e controle do outro (mais frequentemente, da outra). E falar isso tudo dá trabalho, e o pior, as pessoas não querem engolir essa verdade amarga. Mas ao contrário, elas mesmas tendo suas falhas reveladas, atribuem isso a uma falha ou insensatez minha. Querem tapar os ouvidos de seus amados, para proteger a mentira. Eu morri em alguns círculos sociais, mas eu não morri pra mim mesmo. Eu sei da beleza de Khalil Gibran e tantos outros falando do amor. Mas eu também aprendi um amor que transcende a civilização e se descobre, animal.
Talvez seja só uma questão de como nosso cérebro nos recompensa por cumprir nossos instintos. O amor talvez seja uma questão que pode ser reduzida à genética. E nessa história, eu não sou atraente pra ninguém. Eu vejo tudo de fora. Eu sou um lobo que já foi ardiloso e agora está cansado. Prefiro a fumaça, o café e a filosofia barata.
Disso tudo, talvez existam dois erros que ainda precisam ser debatidos, ou não: 1) a falha que é, alcançar um pensamento tão complexo que nos faça sofrer; 2) prolongar tanto a expectativa de vida e o ócio, a ponto de sofrermos tanto. Mas discutir sobre a vida, o Universo e tudo mais é um papo pra outra hora.
Há tanta gente
Apagada da memória
Nas páginas da minha lembrança
Vivo com os amores que um dia tive
Brancas como leite
Morenas e negras
Índias que derreteram como chocolate
No sol do verão
Quanto cabelos
Perfumaram meu rosto?
Negros, ruivos, loiros
Multicoloridos
Curtos, longos,
Lisos, crespos
Quantas músicas?
Quantos sussuros
Embaralaram minhas delícias?
Queria escrever suas curvas em linhas de mármore
Queria guardar suas luzes em caleidoscópios
Para dizer a alguém:
Olha aí!
E essa pessoa sorrir com os olhos
E suspirar diante do lindo obsceno
E dizer:
Você amou muito, e foi feliz.
Apagada da memória
Nas páginas da minha lembrança
Vivo com os amores que um dia tive
Brancas como leite
Morenas e negras
Índias que derreteram como chocolate
No sol do verão
Quanto cabelos
Perfumaram meu rosto?
Negros, ruivos, loiros
Multicoloridos
Curtos, longos,
Lisos, crespos
Quantas músicas?
Quantos sussuros
Embaralaram minhas delícias?
Queria escrever suas curvas em linhas de mármore
Queria guardar suas luzes em caleidoscópios
Para dizer a alguém:
Olha aí!
E essa pessoa sorrir com os olhos
E suspirar diante do lindo obsceno
E dizer:
Você amou muito, e foi feliz.
Compondo a si mesmo como uma tragédia consumada
Eu, que não sou ninguém
Na realidade
Sou para mim mesmo, minha própria ficção poética
Essa alucinação é meu bote salva-vidas
Se vc ver esse sorriso forçado
Nos meus olhos cansados
Se eu silencio e me isolo
É porque estou mesmo
Exaurido
Meus olhos são um espelho
Do passado
Meus sonhos bons
são assombrados
Eu sou o menor ossinho
Na espinha dorsal do Ocidente
Eu quase não sou gente
Mas dentro de mim
Uma sinfonia poética
Arrebata
Minha filosofia é tão impopular, que só eu conheço.
E eu fico imaginando os livros que nunca escreverei
E fico imaginando poemas, que depois esqueço.
Essa câmara de eco, não sentirá falta deles.
Ninguém sentirá
Mas eu realmente acho, que destranquei algumas sabedorias
Como uma paródia de Sêneca
No boteco sozinho
Com Diógenes, Nietzsche e Bukowski
E eu realmente acho, que quem tem minha amizade e meu amor, tem sorte
Porque de certa forma, existe em mim um orgulho.
De eu ser esse cafona Byroniano
De eu ser esse Ulysses do século XXI
O último dos homens
A miséria da miséria
E ainda assim
Resistir
Com a cabeça mais pesada que o Everest
Mas erguida.
Na realidade
Sou para mim mesmo, minha própria ficção poética
Essa alucinação é meu bote salva-vidas
Se vc ver esse sorriso forçado
Nos meus olhos cansados
Se eu silencio e me isolo
É porque estou mesmo
Exaurido
Meus olhos são um espelho
Do passado
Meus sonhos bons
são assombrados
Eu sou o menor ossinho
Na espinha dorsal do Ocidente
Eu quase não sou gente
Mas dentro de mim
Uma sinfonia poética
Arrebata
Minha filosofia é tão impopular, que só eu conheço.
E eu fico imaginando os livros que nunca escreverei
E fico imaginando poemas, que depois esqueço.
Essa câmara de eco, não sentirá falta deles.
Ninguém sentirá
Mas eu realmente acho, que destranquei algumas sabedorias
Como uma paródia de Sêneca
No boteco sozinho
Com Diógenes, Nietzsche e Bukowski
E eu realmente acho, que quem tem minha amizade e meu amor, tem sorte
Porque de certa forma, existe em mim um orgulho.
De eu ser esse cafona Byroniano
De eu ser esse Ulysses do século XXI
O último dos homens
A miséria da miséria
E ainda assim
Resistir
Com a cabeça mais pesada que o Everest
Mas erguida.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
Mais uma peça sobre o tempo
Os que ainda são jovens
Não tem tempo
Enquanto os anciãos de vida curta
Tem a serenidade de quem tem todo tempo do mundo
Eu já sou mais o segundo do que o primeiro
Sei que vou tropeçar em grandes fortunas
E sei que tragedias vão virar o mundo de cabeça pra baixo
Mas minha cabeça já não rola no ritmo do mundo.
Não tem tempo
Enquanto os anciãos de vida curta
Tem a serenidade de quem tem todo tempo do mundo
Eu já sou mais o segundo do que o primeiro
Sei que vou tropeçar em grandes fortunas
E sei que tragedias vão virar o mundo de cabeça pra baixo
Mas minha cabeça já não rola no ritmo do mundo.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
A Imortalidade - Kundera
E Agnès pensa: o Criador colocou no computador um disquete com um
programa detalhado, e depois foi embora. Que depois de criar o mundo,
Deus o tenha deixado à mercê de homens abandonados, e, ao se dirigir a
Ele, caem num vazio sem eco, esta ideia não é nova. Mas se ver
abandonado pelo Deus de nossos antepassados é uma coisa, e uma outra é
ser abandonado pelo inventor divino do computador cósmico. Em seu lugar
fica um programa que se desenrola implacavelmente em sua ausência, sem
que se possa mudar o que quer que seja.
Programar o computador; isso não quer dizer que o futuro seja
planejado em detalhes, nem que "lá em cima" tudo esteja escrito. Por exemplo, o programa não estipulava que em 1815 ocorresse a batalha de
Waterloo, nem que os franceses a perdessem, mas apenas que o homem é
por natureza agressivo, que a guerra lhe é consubstanciai, e que o
progresso técnico a tornará cada vez mais atroz. Do ponto de vista do
Criador, todo o resto é sem importância, simples jogo de variações e de
permutas num programa geral que nada tem a ver com uma antecipação
profética do futuro, mas determina apenas o limite das possibilidades;
entre esses limites deixa todo o poder ao acaso.
O homem é um projeto do qual pode-se dizer a mesma coisa. Nenhuma
Agnès, nenhum Paul foi planejado num computador, mas apenas um
protótipo: o ser humano, tirado em miríades de exemplares que são
simples derivados do modelo primitivo, que não tem nenhuma essência
individual. Não mais essência individual do que tem um carro saído da
fábrica Renault. A essência do carro tem de ser procurada além desse
carro, nos arquivos do construtor. Apenas um número de série distingue
um carro do outro. Num exemplar humano, o número é o rosto, esse
conjunto de traços acidental e único. Nem o caráter, nem a alma, nem
aquilo que chamamos o eu se distinguem nesse conjunto. Esse rosto
apenas numera um exemplar.
programa detalhado, e depois foi embora. Que depois de criar o mundo,
Deus o tenha deixado à mercê de homens abandonados, e, ao se dirigir a
Ele, caem num vazio sem eco, esta ideia não é nova. Mas se ver
abandonado pelo Deus de nossos antepassados é uma coisa, e uma outra é
ser abandonado pelo inventor divino do computador cósmico. Em seu lugar
fica um programa que se desenrola implacavelmente em sua ausência, sem
que se possa mudar o que quer que seja.
Programar o computador; isso não quer dizer que o futuro seja
planejado em detalhes, nem que "lá em cima" tudo esteja escrito. Por exemplo, o programa não estipulava que em 1815 ocorresse a batalha de
Waterloo, nem que os franceses a perdessem, mas apenas que o homem é
por natureza agressivo, que a guerra lhe é consubstanciai, e que o
progresso técnico a tornará cada vez mais atroz. Do ponto de vista do
Criador, todo o resto é sem importância, simples jogo de variações e de
permutas num programa geral que nada tem a ver com uma antecipação
profética do futuro, mas determina apenas o limite das possibilidades;
entre esses limites deixa todo o poder ao acaso.
O homem é um projeto do qual pode-se dizer a mesma coisa. Nenhuma
Agnès, nenhum Paul foi planejado num computador, mas apenas um
protótipo: o ser humano, tirado em miríades de exemplares que são
simples derivados do modelo primitivo, que não tem nenhuma essência
individual. Não mais essência individual do que tem um carro saído da
fábrica Renault. A essência do carro tem de ser procurada além desse
carro, nos arquivos do construtor. Apenas um número de série distingue
um carro do outro. Num exemplar humano, o número é o rosto, esse
conjunto de traços acidental e único. Nem o caráter, nem a alma, nem
aquilo que chamamos o eu se distinguem nesse conjunto. Esse rosto
apenas numera um exemplar.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
Verde
A ilha do norte tem um vento que faz as nuvens correrem vem o vento gelado e bate no rosto vem a chuva e vem o sol o sol que se põem arrastado e as tintas todas que ele estica no céu tem doirado tem púrpura tem o verde vivo da grama e tem a água transparente dos rios onde celtas e vikings cruzaram as árvores antigas retorcidas e cobertas de musgos que segredo escondem? Quanta dor é celebrada por esse obelisco gigante que demônio foi selado ali embaixo o que sabem os cervos que correm nos parques, as raposas que cruzam a madrugada fria com seus passos leves os cisnes do gran canal que cidade estranha as igrejas e castelos medievais dão de fronte com pirâmides de concreto e vidro as ruas são cortadas pelo trem e os paralepípedos que viram James Joyce me levam para um pub profundo que mais parece uma caverna onde a música reverbera e as risadas dos rostos de braza e as piadas que eu não entendo e o indiano da real academia de cirurgiões onde ele estudou com seu lápis de olho, seu turbante azul turqueza e sua barba ostentosa eu quero engolir vocês mas primeiro quero mastigá-los devagarinho e eu quero voar para a capital de cada império e eu quero ler sobre as unhas encravadas de cada escravo que pisou este solo minhas mãos cortadas pelo frio são as mãos deles e o meu sangue e o deles é como a água de um mesmo rio que vem e vai em bacias caudalosas e sempre deságua na morte mas chove de novo para renascer e nós vamos construindo construindo e o tempo vai destruindo destruindo o mato vai tomando e a gente vai capinando nessa queda de braço milenar eu acho que as histórias de heróis deviam falar de suas cãibras, das dores na madrugada, do vômito da lágrima que brota pelo frio e quantas vezes o medo da fome me fez reverter para o que realmente importa e eu estou aqui respirando esse ar pesado de frio e de mofo e eu estou livre por estar numa cidade onde ninguém me conhece e niunguém se importa também e eu estou tão sozinho que me acostumei eu quero agora é entrar nesse pub fumar um charuto e ouvir uma história de um velho espalhol da legião estrangeira e quero imaginar que podia ser um conto do Lovercraft ou que eu mesmo podia escrever aquela história de aventura pitoresca envolvendo piratas e antigos romanos e eu que estou aqui só preciso pegar essa caneta e começar a escrever não pra ninguém mas para mim mesmo.
Agora, a vida vibra em mim, o futuro é uma porta aberta, uma escada difícil, mas que eu já comecei a subir.
'At last,' Elric breathed, 'At last-the Truth!' He stumbled forward like a man made stupid with drink, his pale hands reaching for the thing he had sought with such savage bitterness. His hands touched the pulsating cover of the Book and, trem-bling, turned it back. 'Now, I shall learn,' he said, half-gloatingly. With a crash, the cover fell to the floor, sending the brightgems skipping and dancing over the pav-ing stones.
Beneath Elric's twitching hands lay nothing but a pile of yellowish dust. 'No!' His scream was anguished, unbelieving. 'No!' Tears flowed down his contorted face as he ran his hands through the fine dust. With a groan which racked his whole being, he fell forward, his face hitting the disintegrated parchment, Time had destroyed the Book-untouched, possibly forgotten, for three hundred centuries. Even the wise and pow-erful Gods who had created it had perished-and now its knowledge followed them into oblivion. They stood on the slopes of the high mountain, staring down
into the green valleys below them. The sun shone and the sky was clear and blue. Behind them lay the gaping hole which led into the strong-hold of the Lords of Entropy.
Elric looked with sad eyes across the world and his head was lowered beneath a weight of weariness and dark despair. He had not spoken since his compan-ions had dragged him sobbing from the chamber of the Book. Now he raised his pale face and spoke in a voice tinged with self-mockery, sharp with bitterness-a lonely voice: the calling of hungry seabirds circling cold skies above bleak shores. 'Now,' he said, 'I will live my life without ever knowing why I live it-whether it has purpose or not. Perhaps the Book could have told me. But would I have believed it, even then? I am the eter-nal sceptic---never sure that my actions are my own; never certain that-an ultimate entity is not guiding me.
'I envy those who know. All I can do now is to continue my quest and hope, without hope, that before my span is ended, the truth will be presented to me.' Shaarilla took his limp hands in hers and her eyes were wet.
-Elric Saga
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