Dizem que Gandhi disse:
Posso não ser ninguém, mas quando a verdade fala através de mim, sou um imbatível.
Essa foi uma das frases que guardei, desde adolescente e que moldaram minha inquietação, meu orgulho e minha coragem.
Depois vi Sêneca, Nietzsche, Bukowski e outros. Aqueles nobres e elevados, que a verdade destruiu. Ou melhor, a verdade sempre é inocente, porque a verdade é a própria inocência. O sincero jamais pode ser malicioso. E não se pode criticar a verdade, porque ela defende a si mesma. Daí talvez a frustração fatalista de quem se depara com uma verdade cruel.
Enquanto escrevia isso, lembrei, vivemos no tempo da pós-verdade. A verdade foi superada, relativizada, diminuída. E todas essas críticas podem ser verdade. Mas a verdade não é uma possibilidade, ela é, por definição, um fato. Evidente para todos no instante em que revelada, pois sua característica instrinseca de verdade, faz com que seja lógica e evidente. A pós verdade portanto, superou a si mesma no momento da crítica.
Mas eu quero é falar de amor. Ou "amor". Eu sempre fui e ainda sou um romântico. Mas hoje eu sou um romântico que não acredita no amor.
Em primeiro lugar porque "o homem, de ideias tão modernas, é o mesmo homem, que vivia nas cavernas". Eu vi os bichos se amarem e eu amei como bicho, e amei isso. Nós, seres higienizados e civilizados, vestimos as roupas lustrosas da cultura e achamos um absurdo que essa seja uma verdade auto evidente e explicativa: o tesão.
Não é errado dizer que ama aquilo que te agrada, te deixa a vontade e te passa segurança ou conforto. Errado é achar que amar é essa coisa nobre e elevada. O bicho alucina com as alturas para escapar da própria baixeza.
Pessoas já morreram por criticar Deus ou sua esposa, a Igreja. Talvez morram hoje em dia. O mesmo acontece àqueles que criticam o "amor". Eu fiquei impressionado quando li críticas mais que centenárias ao amor "burguês". Ainda mais porque essa verdade, que deveria ser auto evidente, ainda não é reconhecida. E talvez jamais será. O que ocorre, ao contrário, é que uma noção superficial e falsa de "romance" é proeminente nos círculos que buscam status e controle do outro (mais frequentemente, da outra). E falar isso tudo dá trabalho, e o pior, as pessoas não querem engolir essa verdade amarga. Mas ao contrário, elas mesmas tendo suas falhas reveladas, atribuem isso a uma falha ou insensatez minha. Querem tapar os ouvidos de seus amados, para proteger a mentira. Eu morri em alguns círculos sociais, mas eu não morri pra mim mesmo. Eu sei da beleza de Khalil Gibran e tantos outros falando do amor. Mas eu também aprendi um amor que transcende a civilização e se descobre, animal.
Talvez seja só uma questão de como nosso cérebro nos recompensa por cumprir nossos instintos. O amor talvez seja uma questão que pode ser reduzida à genética. E nessa história, eu não sou atraente pra ninguém. Eu vejo tudo de fora. Eu sou um lobo que já foi ardiloso e agora está cansado. Prefiro a fumaça, o café e a filosofia barata.
Disso tudo, talvez existam dois erros que ainda precisam ser debatidos, ou não: 1) a falha que é, alcançar um pensamento tão complexo que nos faça sofrer; 2) prolongar tanto a expectativa de vida e o ócio, a ponto de sofrermos tanto. Mas discutir sobre a vida, o Universo e tudo mais é um papo pra outra hora.
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