segunda-feira, 27 de maio de 2019

Labirinto da memória

Desde que me mudei
Pra esse país
Chamado passado,
Eu ando mais calado
Já não sou extrovertido
Animado
Parece que estou satisfeito
Em ter vivido
As coisas que já vivi
Mas não me vejo no direito de sonhar

Ou melhor

Quando me deito, o medo de sonhar me apavora, porque a pior parte de sonhar é acordar aqui.

Agora estou condenado
A ser infeliz no paraíso
Bom é o que a gente não tem

A cura do vício
É a overdose.

E eu que pareço um fantasma
Dos sonhos que tinha pra mim
Quando menino
Daquele sonho de morar fora
Fico até com pena de mim mesmo quando sonho de novo

E como eu poderia, sonhar de novo, se já realizei tantos sonhos e vi que na verdade eles eram ilusão? E como não ser levado pela corrente, perdendo o controle da própria vida, por não desejar nada? Como querer, como não querer, como poder ou como viver sem poder?

Eu que já fiz também, tanta coisa errada, carrego minhas penas pesadas. Já não sou risonho, mas taciturno, extrovertido, mas reservado. Eu que tenho a auto estima do último dos homens e me sinto superior à maioria deles. Eu, esse ser caleidoscópio, povoado por vasta fauna de sonhos e hordas de memórias. Eu, esse abismo, esse labirinto, esse infinito.

Porque aqui, nada é fácil.
É como assistir sua família ceiando no natal
e não participar.

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