sábado, 7 de novembro de 2020

poeirinha

Esse pedacinho de carne 
Que as vezes acha que é um eu
Não vai deixar nenhum legado
Mais duradouro que suas pegadas na praia

Mas esses átomos 
Esmagados no núcleo de estrelas 
E arranjados temporariamente
Em intrincada biologia 
Viveram e viram 
E experimentaram orgasmos 
E teceram mitologias inteiras 
E gargalharam
Ressonando no infinito

E quando talvez 
Uma entidade cósmica se debruçar 
Sobre esse pontinho ínfimo 
No oceano caudaloso do tempo 
Poderia se pudesse
Pensar 
Isso sim é uma vida

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