segunda-feira, 8 de março de 2021

 Ontem 

eu cavalguei a tempestade 

os trovões atravessavam a cama 

os lençóis de nuvem 

os suspiros ventos de tempestade 

cálidos  

mornos

quentes 

depois fervendo! 

e depois de tanta chuva 

tanta água 

tanto tempo fechado 

eu era cavalo 

e ela 

deusa 

cada carinho uma devoção 

cada concessão 

uma dádiva 

Vênus enciumada 

Dionísio orgulhoso 

E Eros 

Ria baixinho 

Quanta confusão! 

Quanto bem, quanta beleza

inesquecível encontro com sagrado 

em suas cores douradas e púrpuras 

envoltos em sua névoa 

seus feitiços 

que me capturaram 

mas não me fizeram cativo 

me levaram além 

e no além eu me encontrei 

inundado em seu mel 

hipnotizado em seus gemidos 

sua pele 

sua pele 

suas curvas 

nossas voltas 

e como rio represado 

eu jorrei 

em lágrima e em todos os líquidos mais sagrados

éramos sangue correndo

éramos gozo grosso

e a taça quebrou 

e o vinho derramou 

enquanto estávamos 

viscosos 

derramados 

um no outro 

e inebriados passamos a noite 

e meu coração me dizia 

pode ser 

pode ser 

podemos ser 

podemos ter 

tudo 

mas o que foi mais que bastava mais o que foi mais que bastou 

e aquela noite dura e durou 

uma eternidade bem particular 

gravo essa Ode 

como escrevi as palavras 

no seu livro de ficções possíveis e impossíveis

"todas as mulheres são deusas, mas eu só adoro você".

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