domingo, 20 de dezembro de 2020

Mormanno

Algo aconteceu quando meus olhos cruzaram com os dele 
Aqueles olhos amarelos
Oblíquos
Me enfeitiçaram com seus gestos suaves 

O balanço da sua cauda 
O veludo de seus pêlos
O silêncio de seus passos 

As casas tão antigas 
Abandonadas 
As estrelas cintilando 
A névoa escorrendo 
E o vale lá em baixo 
As pedras vulcânicas 
Cristalizadas desafiando a gravidade 

Quantos mistérios 
Quanta suavidade
Quanta sabedoria 
De algo selvagem 
Entre ruínas de épocas esquecidas 

Quantos anos tinha 
Aquele gato preto? 

Pra mim parecia que ele tinha chegado ali antes dos Etruscos 
Tinha visto tantos povos indo e vindo
E construindo casas 
Em cima das ruínas das casas
E contando histórias sobre o mundo 
Em dialetos esquecidos
Com seus cheiros 
Com seus sons 
Sempre dentro de suas casinhas 
Como se os deuses 
A cada Era 
Montassem um presépio diferente 
Naquela montanha antiga  

Nele se encerraram todos os mistérios do mundo 

Um verdadeiro habitante do Sonhar

O imemorial gato preto na noite de Mormanno 
com seus olhos de estrelas

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