Nas rochas vulcânicas
Imagine uma onda forte
Que demora milhões de anos pra estourar
E naquele movimento
Em que a terra se dobra, explode erode e escorre
Mas demora tanto tempo pra isso
Que nós construímos ali, naquela dobra, nossas casinhas
Entre uma ruga e outra
Construíram um castelinho
Pra controlar o comércio
Em seus mercadinhos
Eram Etruscos, eram gregos, eram cartagineses, eram romanos, eram germânicos, eram mouros, eram normandos, eram cruzados, eram espanhóis, eram finalmente italianos e eram fascistas... Eram tantos que nem sabemos seus nomes
Nem sabemos os sons que faziam
Como eram suas músicas, suas danças, seus banquetes, seus deuses...
Lá embaixo
O mar é azul piscina, dizem que tem muito calcário
Quase não se vê areia
As pedras parecem tanto com pedras de aquário
E de pé se vê o pé
E se veem peixes amarelos e azuis nadando
Em cada grota, uma gruta
Quantas velas esses ventos inflaram
Quantos suores secaram?
Esses imperadores, esses escravos
Esses fazedores de leis
E esses piratas
Afundaram com seus tesouros?
Ou os enterraram?
Ou estão esses tesouros exibidos agora em museus
Ou guardados em bancos, do outro lado do mundo?
E pra mim é como se esse mesmo vento
Estivesse em sua milionésima volta
E ainda guardasse o eco
De tantos fantasmas
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