domingo, 20 de dezembro de 2020

Arco Magno

Existe algo mágico 
Nas rochas vulcânicas 
Imagine uma onda forte 
Que demora milhões de anos pra estourar 
E naquele movimento 
Em que a terra se dobra, explode erode e escorre
Mas demora tanto tempo pra isso 
Que nós construímos ali, naquela dobra, nossas casinhas 
Entre uma ruga e outra 
Construíram um castelinho 
Pra controlar o comércio 
Em seus mercadinhos 
Eram Etruscos, eram gregos, eram cartagineses, eram romanos, eram germânicos, eram mouros, eram normandos, eram cruzados, eram espanhóis, eram finalmente italianos e eram fascistas... Eram tantos que nem sabemos seus nomes 
Nem sabemos os sons que faziam 
Como eram suas músicas, suas danças, seus banquetes, seus deuses... 

Lá embaixo 
O mar é azul piscina, dizem que tem muito calcário
Quase não se vê areia
As pedras parecem tanto com pedras de aquário
E de pé se vê o pé
E se veem peixes amarelos e azuis nadando 

Em cada grota, uma gruta 
Quantas velas esses ventos inflaram 
Quantos suores secaram? 
Esses imperadores, esses escravos 
Esses fazedores de leis 
E esses piratas 
Afundaram com seus tesouros? 
Ou os enterraram? 
Ou estão esses tesouros exibidos agora em museus 
Ou guardados em bancos, do outro lado do mundo? 

E pra mim é como se esse mesmo vento 
Estivesse em sua milionésima volta 
E ainda guardasse o eco 
De tantos fantasmas 

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