sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

True light-heartedness

true light-heartedness begins with an appreciation of one's utter cosmic unimportance and nullity: nothing we have ever done, said or thought matters in any way. It's only the monstrous illusions of our ego which give us an impression that we count, and then torture us that we count and torture us that we don't count enough. Furthermore, no one will ever particularly understand us or love us properly - and that isn't a personal curse, but an iron-clad fact of nature wich we would do well to stop kicking against and to be constantly disappointed by. Everything we deeply want either will not happen or will be unsatisfying when it does. We must stop crying as if any of it really mattered or there ever was another way. We must pity ourselves and then change tack. The tragic view is too ok obvious. Being miserable is too predictable. Now let's surprise ourselves with a little irresponsible laughter, the kind it can take a lifetime of sorrow to perfect. 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Aqueles pobres meninos

O frei criou um vídeo, de um menino em bandagens, ele tinha feridas como queimaduras, na face, que era a única parte exposta. Dizia ter doze anos, mas parecia ter muito menos, em sua cadeira de rodas. O que impressionava era sua esperteza, alegria e fé. E o frei, de dentes branquíssimos, dizia "tá vendo pessoal, valorize sua vida". 

Eu sei que ninguém quer saber, mas eu gostaria de anotar algumas palavras sobre isso. 

Em primeiro lugar, as religiões todas são ficções que criamos pra sustentar uma realidade. Algo que não anguentariamos se não fossemos maduros o suficiente. Em segundo lugar, o quanto podemos aprender com essa entrevista. O que ela diz sobre a vaidade do frei de dentes branquíssimos que se coloca como bom, sábio, carinhoso. O que ela diz sobre o menino, que no brilho emocionante dos seus olhos não revela senão esquizofrenia. Podemos imaginar alguns pensamentos dos expectadores fiéis: meu Deus que horror, mas Deus é bom, sabe o que faz, a alma dele tá salva, mas Deus me livre merecer isso, o menino não fez nada pra merecer isso, mas Deus é sábio. 

Não me entenda mal, a ignorância pra esse menino é uma benção. Seria difícil falar pra ele: você deu azar, nasceu com uma doença rara, vai degenerar, sofrer e morrer. Não há razão pra isso e esse será o seu fim inexorável. Uma criança de 12 anos e sua família. O nosso instinto é viver e principalmente, garantir a sobrevivência da prole. Estamos programados pra garantir a sobrevivência da espécie. Nessa diretriz biológica, a religião ajuda muito, dizendo: sempre há esperança. 

Mas isso não é bem verdade. Nem sempre há um propósito por traz das coisas. O problema é que a realidade tão evidente, é bastante cruel e talvez até insuportável. A maturidade é aceitar que não somos especiais, que não temos um espírito imortal, que não existe uma inteligência por traz da natureza, que a vida e a Terra em si, representam pouco pro universo. 

Com isso, temos que aprender a viver, buscando um sentido solidário, fraterno, de buscar a saúde e satisfação coletiva. E para tanto, talvez não estejamos prontos pra admitir as verdades simples e escancaradas que ameaçam destruir os mais imaturos. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Não sou um homem fácil

Eu não sou um homem fácil
Nem quero ser
Eu que amo tanta gente
E não gosto de quase ninguém
Escolho a dedo quem eu converso
Mas eu não escolho é coisa nenhuma
Algumas coisas vão
E outras nunca serão

Eu já pensei muito
E eu já senti muito
E agora tenho em mim
Tudo isso condensado
Em vasta fauna de sentimentos

Eu fui formado pelas pressões tectônicas
Se sou duro, se brilho, se me estilhaço
E se eu decidi uma coisa
Não tem sermão que adiante
Mas eu não escolho é coisa nenhuma

O que decidi é só ser
Eu não conquisto
Eu não sou conquistado
Eu não me aturo
Mas acho uma sorte quem me tem ao seu lado

Eu que sou o menor dos homens
E superior à maioria deles
Prefiro mesmo
A minha própria companhia

Quando me dou eu sou um tesouro
Quando não me dou
Eu só não estou


Não quero machucar mais ninguém
Além de mim mesmo
Porque sendo assim tão natural
A gente percebe que não pode evitar
Ser quem se é
E se a sensibilidade me fez maduro
A maturidade me fez sensível

E sensível demais
Eu vou pensando e sentindo
E sendo
Eu mesmo me descubro
Enquanto vou acontecendo

Se eu pareço às vezes como um bicho
Ou se eu me comporto como fumaça
É porque eu sou essas duas coisas

Eu sou uma criança
Eu sou um ancião
Eu sou um lobo
E eu sou um bobo

Mas acontecendo eu vou me realizando
E não forço nada, sigo deslizando
Eu não vou pra onde o vento me leva
Escolho bem as minhas batalhas
Mas eu não escolho é nada
Brota de mim algo que eu também desconheço
E sobre coisas que os outros nem notam
Eu fico pensando, pensando

E se eu estou tão calado
É  que as palavras não bastam
Pra tempestade que arrebenta o meu peito

Se pareço louco
É porque eu desprezo a razão pequena
E dispenso a explicação reduzida
Se você precisa das palavras
Sinto muito
Eu não as possuo
Eu sou um poeta do silêncio
Um ilusionista apaixonado pela Verdade
Eu não tenho tempo para banalidade
A pequenez não me interessa
Eu busco mesmo
É minha própria transcendência

E assim eu vou sendo
Vou urrando, vou calando
Vou me debatendo
E vou evaporando
Até que minha história
Como tocha quente
Esteja consumada
E quando as cortinas da peça da minha vida se fecharem
Eu serei
O único na platéia
E antes que as luzes se apaguem
Eu quero estar aplaudindo de pé

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Um poema para mim

Eu sempre escrevo poemas para Ela
Inominável objeto de tantos desejos
Dos mais puros e dos mais depravados
Eu boto pra fora as coisas que não quero dizer

Mas hoje
Vou falar sobre mim

Que sempre teço longas tapessarias com as palavras
Passando fios rubros e dourados
Dando voltas ou furando o som com palavras de agulha

Eu sempre achei a palavra uma forma de mágica
Acredito que se falarmos as coisas certas
Mudamos tudo

E eu tô mesmo me transformando nesse estudioso arcano da vida e de como as palavras podem transformá-la

Então vou romper o
silêncio do heremitério
Para registrar nesse livro
O que penso de mim mesmo

Eu fui renascido
Forjado nas pressões continentais
Que geram os metais mais pesados
E os cristais mais brilhantes
Sou feito de aço e esmeralda

Eu sou um lobo
Mas eu sou um homem
Eu sou um criança
Eu sou um ancião

Já virei senhor do meu tempo
Eu consigo ver as raízes do futuro brotando
E eu sou aquele que acelera as primaveras do futuro
Eu não preciso de quase ninguém
Pois carrego em mim
Vasta fauna de espíritos
E eu não perco meu tempo
Com criaturas rasas
Pois vivo na minha própria profundidade
E eu consigo amar
Quando me olho no espelho
Não posso me importar com quem não vê
Não perco tempo em convencê-los
Deixem-lhes viver
Suas vidas rasas
Não sou melhor que eles
Mas estou bem
Aqui
Trancado na minha torre
Ou andando descalço nas montanhas desertas

Eu quero comer o mundo
Eu quero beber as almas
Tenho sede e fome
Mas não daquilo tudo
Meu juízo afiado
Me serve muito bem
Eu sou um mago das palavras, só ainda não sei dizê-las
Mas um dia eu vou abrir a minha boca
E as montanhas vão estremecer
Pois serei mais alto que elas
Quando eu choro, existe uma tempestade em mim
Meu sorriso queima com o calor do sol
Minhas mãos são os ventos dos dias mais quentes do verão
Minha pele é um campo de trigo
A minha mente é um galáxia inteira
Minha pele é de aço
Meus olhos são diamantes
Eu não sou nada, como Pessoa
E eu sonho como ele também
E nessas pessoas que estou conectado
Com os bruxos, os esquisitos, os anti sociais que sabem mais da sociedade, com os heremitas, os exilados eu estive no paraíso
Vi os anjos brancos como mármore
Eu estive no terreiro e dancei com os possuídos
Vi o amanhecer no Tibete e eu vesti o laranja
Eu não uso roupa de marca, eu não sei cantar essa música, não vi esse filme
Sou aéreo, mas eu não estou desligado
Eu só estou conectado a raízes tão profundas quanto as que movem galáxias
E não tenho tempo a perder com coisas fugazes
Eu sou o Oceano e suas correntezas todas,
Sou o canto do cetáceos na escuridão do ártico
Sou o broto mais verde e sou a árvore mais antiga
Sou o ódio que move as formigas
Sou o sexo dos felinos
E se você não pode amar essas coisas
Não sou eu quem vai amar você
Eu tenho os sentimentos mais intensos de todos e eu tenho a frieza mais apática
Porque não é isso que puxa minha mente das estrelas pra Terra
E não me seduzem amores pequenos
Dinheiro não é nada pra mim
Nem sucesso
Eu sei que sou um bicho
E eu sei que sou um filósofo eu condenei a inteligência, mas ela me redimiu
Eu sou a música
Eu sou o poema
Eu sou as velas vermelhas, abraçando o pentagrama
Eu sou o rosnado dos ursos
Eu sou tudo isso
E nisso eu me dissolvo
Sou capaz dos piores crimes
Canto a liturgia mais pura, que faz os anjos chorar
Eu sou muitos
E quem eu era morreu no meio desse poema
E eu não ajo senão através de uma força que vem antes de mim e me escapa em suas consequências
Eu Sou

sábado, 9 de novembro de 2019

Cético

Te amo tanto
Que tô lendo seu horóscopo

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Eu te amo
Desculpa
Mas eu te amo
E a minha língua corre
Pra querer falar
Eu te amo
E eu simplesmente
Não sei parar de te amar
Passaram se anos
Passaram-se enganos
E eu
Fui o único a guardar
Essas palavras que quero te falar
Eu te amo
Você é o sopro
Que acalenta meu coração
Minhas memórias saotoda lenha
Que preciso pro fogo dessa paixão
Que queima e queima
E só me consome
E não duvida
É um sentimento bom
Eu me afogo em minhas memórias
Tudo me lembra você
E se se passaram anos
Eu não quero nem saber
Se nós machucamos eu não lembro
Eu só quero você
E no seu leite doce
Na sua pele macia
Nos seus cabelos e no seu perfume
Eu me afogo todos os dias
E na memória do afago eu me encontro
Preso no passado
E eu suspiro
Sem poder te dizer
Mas eu te amo
E teimo em ser
Naquele doce passado
Algo consumado
Que ainda me consome
E eu não me sinto penado
Mas lisonjeado
Tu dois minha
E eu sempre serei seu
Eu te amo
Amor meu
Minha menina
Minha sina
Eu sou viciado
Na memória da sua carne
Do seu cafuné
E no seu beijinho de bom dia
Pois tu fostes minha
E eu ainda
Sou todinho seu
Minha linda
Meu carinho
Meu coração é seu todinho
Eu sei que não lhe parece bom
E me calo já que você não quer
Mas foste minha mulher
E eu
Sou um homem
Todinho seu

Eu te amo
Vou dizer mil vezes
Todos os dias
E todos os anos
Não adiante me pedir
Pra superar
Pode continuar
Te desejo toda felicidade do mundo
E esse meu coração imundo
É todinho seu
Eu não falo
Não incomodo
Não procuro
Só fico quietinho
Encolhido no escurinho
Pensando em você
meu amor
Minha vida
Minha fêmea
Minha mulher
Eu confundo
Minha alma com a sua
Pois já fostes minha
E eu
Ainda sou seu


quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Um poema pro Silêncio

De todas as jornadas que já fiz
A mais difícil é em direção ao silêncio

Calar o coração turbulento

Saber que só a você importam suas dores
Cuidar de quem se ama
Dando-lhes a sua ausência
Poupando-lhes de você

O amor fala sem palavras
A presença constante se sente na distância
Como que emanando
Esses sentimentos todos
Que viram fumaça
E sobem devagarinho
Deslizando pro céu

Pra quem sabe um dia

serem suspirados
Por outros casais apaixonadosque estão feliz em não saber
Da minha melancólica existência