terça-feira, 7 de agosto de 2018

Hoje converso com fantasmas

Um cara querido
morreu
o cigarro o matou

hoje acendi meu cigarro
e conversei com ele

em seus olhos avermelhados
senti suas dores
e compartilhei delas
somente eu e ele

seu fantasma sentou ao meu lado
enquanto a vitrola tocava um blues

hoje fui prum buteco
e o bêbado transtornado
pediu um trocado para um trago
e eu tomei com ele

o choro da memória da cadeia
era o meu choro
seus passos embaralhados
exitantes e incertos
rumo a uma casa que não chama de lar
eram os meus passos
no caminho de volta

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