Nesse momento pavoroso, em que,
olhando para um teto desconhecido, revisito meus últimos dias, recordo-me dos
anjos depenados cujos corpos desnudos conheci. Visitei vales e montanhas,
curvas, matas e cavernas. Mas não pude encontrar ali, nenhum coração. O único
sentimento era a tristeza. E os únicos sons - ecos estarrecedores de um
suspiro, um chamado desesperado e de um berro no escuro.
O gosto amargo do tabaco não me
incomoda tanto quanto o sabor desses lábios enegrecidos pela vulgaridade. Tudo
é superficial. Até mesmo o sorriso que passará pelos seus lábios enquanto me
lê. Acha que me entende? Que compartilha comigo essa dor, ou pior, que tua
pretensa experiência pode me oferecer um conselho? Guarda pra ti tuas palavras,
não sabe o que penso.
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