segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sob uma máscara de bela porcelana

O corpo que caminha trôpego não vacila no passo, nem mesmo perde o gingado.
A cabeça que gira não sai do lugar, não roda, não rodopia, nem vira cambalhota.
A lágrima que se acumula sob os olhos não brota, não rola, não cai nem chove.
O riso que está morto não aparece amarelo, não deixa de brilhar, nem de convencer.

agora

Quando a solidão me toca; meu corpo se contorce e enverga de dor
Quando o insolúvel me atinge; minha cabeça pende de um extremo ao outro, entre desesperos
Quando a noite invade; os dedos buscam o peito, tentando abrí-lo e expor o coração que já sangra.
Quando o silêncio se impõe; as lágrimas não são ouvidas mas se fazem sentir

A chuva lá fora não se compara a minha tormenta

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Linhas e limites

Engraçado isso.

Eu não achei que ir até ali era uma opção,

não sabia que podíamos chamar a demolição.

Muitas vezes eu brinquei de índio, atirando flechas em seu coração.

Me pendurei no parapeito, pra rir enquanto te assustava.

Mas nunca quis me machucar nem te ferir.

Não pensei que poderíamos ir até ali.

Demolição



Para se desconstruir um belo edifício, é preciso cuidado
Primeiro temos que passear por ele e encará-lo bem
Depois decidir:
O que queremos,

Apagá-lo da existência para que dê lugar a algo novo?
Reformulá-lo para que possa renascer em si mesmo?
Ou desmontá-lo com cuidado, permitindo sua reparação e reconstrução?

Algumas vezes só queremos destruir, inclusive a nós mesmos.
Outras, pensamos em retirar uma parede e tememos que tudo desabe.
Há ainda os sábios que preferem investir seu tempo simplesmente restaurando o lugar.

As paredes são frias, estáticas, imóveis.
A luz que atravessa os vitrais não vê a cor que projeta na poeira do lugar.
O eco vai, sem saber que volta.

A sabedoria que não está nas coisas, pode estar em você

segunda-feira, 18 de março de 2013

Minha Maldição!

Não haverá céu para lhe salvar
Não haverá inferno para te condenar

Nada satisfará teus desejos e não encontrarás paz
Tuas conquistas não parecerão nada em vista do que não lhe pertence

Nenhum braço lhe trará o eterno aconchego
Nenhuma casa será teu lar eterno

E assim padecendo, morrerá aos poucos, do mal que causar a si mesmo.





sábado, 9 de março de 2013

Este beijo teu

Encostados no casarão secular, numa rua iluminada demais para esse tipo de crime, outro casal se beijou. Bem que podia ser meu este beijo teu. Tive seus olhares, seus toques de mão, suas gargalhadas e até um abraço, mas isso não me bastou. Queria por um momento capturar tua alma num suspiro. Viveria num deslumbre todo futuro com você e depois, tenho certeza, caminharíamos para rumos particulares. Mas seria fogo! Fogo que se gosta de sentir, que se contorce num espasmo, que treme na base, que tira o ar, fogo que queima e dói depois que apaga. Ó como quero sentir essa dor.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Tédio

o cimento é o tédio da forma
o calor é o tédio do clima
o silêncio é o tédio do ouvido
a solidão é o tédio da companhia
e tudo a minha volta é cimento, calor, silêncio e solidão

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Centrífuga

Sempre que deito cedo, a madrugada vem me visitar.

Onde tuas curvas vão me levar?

Na faísca das espadas, no horror da ferrugem e no vento veloz, tento escapar. 

Mas lá, no final da reta, novamente veio me visitar.