Sem esperar
Veio a chuva
Repentina
Caudalosa
Morna
Uma chuva de fim de verão.
Vamos ver agora
Se disso algo vai brotar
Mas já valeu
Pelo cheirinho de terra
Pelo aconchego
Pelo novo sentido dado
Àquelas tardes aconchegantes
Em que meu coração-tromba d'água
Eu vim lá de longe
Por cima das nuvens
Chovi em você
Em meia hora
Desaguei um amor inteiro
Você tristinha
Me disse que era um anjo quebrado
Mas essas coisas não existem
As vezes a gente só não consegue se ver
Mas aqui está
Te dou de presente
Esse espelhinho dágua
Olha nele seus olhos de amêndoa
Seus cachos
Sua boca carnuda
Suas curvas
Deixa ressonar nele tua gargalhada
Reflete nele
Seu humor
Sua inteligência
Sua determinação
E vê lá no fundo
Que até o vento da chuva suspira por você
E lá fora, deixa eu chover
Talvez eu escorra pelas frestas
E vire um mar bem salgado de lágrimas
Talvez eu vire nuvem de novo e suma no horizonte
Talvez um pouco da minha água
Alimente uma semente e vire uma flor
Ou transforme o mundo num jardim pra gente percorrer
O certo é que quando a água passa
Algumas coisinhas mudam
Talvez tão imperceptíveis
Quanto a mudança interna necessária
Pra você olhar no espelho e reafirmar
Eu quero
Eu posso
Eu mereço
Quanto a mim-água
O movimento é minha natureza
Não lamento que devo ir logo logo
Porque sempre levarei um pouco de você comigo
Fernanda
E quem sabe um dia numa curva de rio
A gente ria junto outra vez ❤️
Nenhum comentário:
Postar um comentário