essas retinas sem brilho
ainda guardam
o brilho afiado do teu sorriso
esse frio profundo
ainda aguarda
a magia do fogo que carrega em seus quadris
deitada sobre mim
como dragão sobre o tesouro
não é serpe
nem anjo
mas algo dos dois
algoz terrível
que reinou sobre mim
e agora voa ao longe
em meus pesadelos mais doces
domingo, 12 de novembro de 2017
Sublimação
"Saudade eu te matei de fome
Verdade eu te cerquei de longe"
(Irene, Amarante)
As moscas não suportam a fumaça
mas ela é minha cura pra tudo
até pra dor
de existir
e no vapor sou eu quem vai subindo devagarinho
num fio de prata
que me leva
atravessando o mar
até o outro lado do Oceano
visitando em sonho antigo
de tudo que é bonito
e imaginado
quando eu for
quero levar comigo
tudo que fui
e todos lugares por onde estive
sábado, 4 de novembro de 2017
Eu sou a rua
Ando de chinelos na chuva
ouço o murmúrio dos mendicantes
me penduro no ônibus
sou seguido à noite e aperto o passo
meu sofrimento é mais real
porque ele está de cara com o mundo
o mundo de verdade
das putas dos maconheiros
perdido em mim mesmo
nessa imensidão e vazio
eu não sei o que quero
nem o que posso querer
procurando em mim mesmo
um fio de luz
que eu possa amar
e como? como me realizar?
existe potencial
existe mérito
existe algo de bom
nesse corpo que envelhece acelerado
e fica pasmo
diante da vida e da morte?
quantas coxas abrigaram meu calor
quantas alma penadas eu penalizei
como suportar a dor
que eu mesmo causei
e como não castigar
esse demônio que eu sou?
o que me resta?
para onde eu vou?
a espera de um anjo salvador
de joelhos machucados
curvado
chorando
de olhos cerrados
em pesadas pálpebras
como te verei
como ouvirei teus sussurros
no barulho pesado do pranto na chuva?
onde é meu lar?
onde é meu lar?
onde será que terei pouso manso?
onde será que vou chegar?
ouço o murmúrio dos mendicantes
me penduro no ônibus
sou seguido à noite e aperto o passo
meu sofrimento é mais real
porque ele está de cara com o mundo
o mundo de verdade
das putas dos maconheiros
perdido em mim mesmo
nessa imensidão e vazio
eu não sei o que quero
nem o que posso querer
procurando em mim mesmo
um fio de luz
que eu possa amar
e como? como me realizar?
existe potencial
existe mérito
existe algo de bom
nesse corpo que envelhece acelerado
e fica pasmo
diante da vida e da morte?
quantas coxas abrigaram meu calor
quantas alma penadas eu penalizei
como suportar a dor
que eu mesmo causei
e como não castigar
esse demônio que eu sou?
o que me resta?
para onde eu vou?
a espera de um anjo salvador
de joelhos machucados
curvado
chorando
de olhos cerrados
em pesadas pálpebras
como te verei
como ouvirei teus sussurros
no barulho pesado do pranto na chuva?
onde é meu lar?
onde é meu lar?
onde será que terei pouso manso?
onde será que vou chegar?
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