"O mundo de dentro da gente é maior
Que o mundo de fora da gente"
(André Abujamra)
Que o mundo de fora da gente"
(André Abujamra)
Voo nas alturas bicos cortando nuvens grasnando em antecipação ao festim sangrento. Abaixo marcha para Oeste a tropa irregular germânica com machados e lanças pousadas nos ombros pisando a terra úmida dos Césares. Quantos calos em carne viva tiveram? Que comiam? Quantos rios atravessaram? Quanto prazer sentiam ao se aliviar da carga e esticar os dedos doloridos para se aquecer na fogueira? Como cada um deles morreu? Quais eram seus nomes?
Do outro lado da Europa, a chama da vela arde, porquê queima? Que sabemos sobre o fogo que se perde na vastidão dos salões de mármore? Quem zelava por seu fogo? Togados de púrpura os eternos Augustos se compadecem de amor pela grande mãe do Cristo. Quantas basílicas, praças, quantos palacetes e castelos, quantas muralhas e embarcações se espraiam pelo horizonte dA Cidade? Quantos romanos falam grego e adoram São Miguel também arcanjo também flamejante?
O que viu o sábio lendo os auspícios nas estrelas do topo de sua torre afastada das luzes de Constantinopla? Que pensaram os sábios monges enquanto esticavam a costa depois de longas horas copiando textos ancestrais? Que pensavam os camponeses limpando suor com seus braços pesados? Óh camponês ancestral, perdoe esses bárbaros, esses reis, esses palacianos e sacerdotes. Óh camponês eterno, quanto lhe devemos afinal?
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