“E dentre os gregos, tu que és um deles, quais te parecem levar a vida mais agradável, os que mandam ou os que obedecem?
- Eu, diz Aristipo, não me incluo entre os escravos; mas parece-me haver uma via intermediária onde tento caminhar. Esta via não passa nem pelo poder, nem pela escravidão, mas pela liberdade, que é o grande caminho da felicidade.
- Se este caminho não passa nem pelo poder nem pela escravidão, replica Sócrates, não passa tampouco pela sociedade dos homens, o que dizes poderia ter algum sentido. Mas se vivendo entre os homens, tu não queres nem mandar nem obedecer, nem servir de bom grado aos que mandam, tu não ignoras, penso eu, como os mais fortes se decidem a fazer chorar os mais fracos e tratá-los como escravos. Ou não vês como eles roubam as colheitas que outros semearam... e como cercam de todos os modos os que se recusam a servilos, até levá-los a preferir a escravidão à luta com os mais fortes que eles...
- Sim, disse ele; eu, porém, para evitar estes males, não me encerro numa cidade, em qualquer lugar sou estrangeiro.
- Não há dúvida, exclamou Sócrates, que é este um hábil artifício.”
Xenefonte, As Memoráveis
(II, I) apud Castel, 1978
a.
- Eu, diz Aristipo, não me incluo entre os escravos; mas parece-me haver uma via intermediária onde tento caminhar. Esta via não passa nem pelo poder, nem pela escravidão, mas pela liberdade, que é o grande caminho da felicidade.
- Se este caminho não passa nem pelo poder nem pela escravidão, replica Sócrates, não passa tampouco pela sociedade dos homens, o que dizes poderia ter algum sentido. Mas se vivendo entre os homens, tu não queres nem mandar nem obedecer, nem servir de bom grado aos que mandam, tu não ignoras, penso eu, como os mais fortes se decidem a fazer chorar os mais fracos e tratá-los como escravos. Ou não vês como eles roubam as colheitas que outros semearam... e como cercam de todos os modos os que se recusam a servilos, até levá-los a preferir a escravidão à luta com os mais fortes que eles...
- Sim, disse ele; eu, porém, para evitar estes males, não me encerro numa cidade, em qualquer lugar sou estrangeiro.
- Não há dúvida, exclamou Sócrates, que é este um hábil artifício.”
Xenefonte, As Memoráveis
(II, I) apud Castel, 1978